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Para a American Airlines, fim da primeira classe é uma tendência mundial. | CA/SU/CARLO ALLEGRI
Para a American Airlines, fim da primeira classe é uma tendência mundial.| Foto: CA/SU/CARLO ALLEGRI

Pijamas da grife italiana Missoni, champanhes com aromas frutados e até suítes privativas. Quem está acostumado ao conforto e à privacidade da primeira classe dos aviões já notou: o espaço, famoso no imaginário dos passageiros pela extensa lista de mimos exclusivos, está cada vez mais raro nos voos entre o Brasil e as principais cidades do mundo. Na busca por maior rentabilidade, as companhias aéreas estão apostando fortemente na ampliação da classe executiva e reduzindo o espaço mais nobre das aeronaves. Especialistas dizem que o movimento tende a ganhar força, principalmente entre as empresas dos EUA, latino-americanas e europeias devido à crise financeira.

Na TAM, a primeira classe deixou de existir em novembro do ano passado. Nenhuma rota foi poupada do corte. A American Airlines vem reduzindo a oferta da primeira classe e seus famosos talheres especiais em alguns voos no Brasil. Até mesmo entre as asiáticas, que lideram o ranking global de satisfação do cliente, o Brasil já conta com versão menos turbinada em relação aos trechos em direção à Europa e aos Estados Unidos. Quem não se lembra da famosa cena do filme Sex and the city 2, quando as personagens decidem curtir um lounge em pleno voo inspirado no Airbus 380 da Emirates Airlines? Esse bar não está disponível nos voos do Brasil.

Apesar de os preços da primeira classe serem, em média, o dobro dos cobrados na executiva e de sete a 12 vezes os da econômica, a explicação é financeira. Para especialistas, não há demanda para sustentar a operação diária de primeira classe, em que uma passagem de ida e volta pode chegar a R$ 40 mil, como no voo Rio-Dubai. A primeira classe costuma ter de oito a 16 lugares, e as novas classes executivas já têm de 40 a 60 assentos.

“Hoje, 60% das viagens internacionais são de negócios. As passagens são pagas por empresas. Então, a redução da primeira classe é uma questão econômica. Por isso, muitas companhias estão investindo na ampliação da executiva, com um maior número de assentos como forma de ampliar a rentabilidade”, disse Rosana de Moraes, professora de Marketing para o mercado de luxo da ESPM Rio.

Adeus, pantufas

Na TAM, os voos entre São Paulo e Miami feitos com o Boeing 777-300, por exemplo, tinham apenas quatro assentos na primeira classe. Com o fim dessa categoria, a nova classe executiva foi ampliada para 56 poltronas, que inclinam 180 graus, ou seja, deitam completamente, como na antiga primeira. “A decisão de não oferecer serviços de primeira classe foi tomada para possibilitar o aprimoramento dos assentos e do serviço oferecido a bordo para os passageiros, levando em consideração a ocupação média da primeira classe”, disse a TAM, em nota. Com a mudança, porém, alguns mimos foram cortados. As pantufas com que os passageiros top desfilavam pelo avião, por exemplo, são coisa do passado.

Etihad

Na Etihad, com um voo diário de São Paulo para Abu Dhabi, o brasileiro não tem acesso aos first apartments – espécie de primeira classe mais espaçosa – ou aos residences, ambientes para dois passageiros. Mas quem parte de São Paulo pode desfrutar de mimos, como refeições servidas em louças da marca Nikko, com talheres da britânica Studio William e vinhos em copos de cristal da Lucaris.

Para a American Airlines, o fim da primeira classe é uma tendência mundial. A companhia cita seu avião mais moderno, o 787 Dreamliner, que tem apenas as classes executiva e econômica. A empresa lembra que os 777-200, que mantêm primeira classe, serão reconfigurados com duas classes também.

“O serviço de primeira classe tem se tornado cada vez mais uma opção de exclusividade para rotas de longa distância e com o perfil não tão corporativo, como Nova York e Pequim, e para empresas do Oriente Médio. A primeira classe diminuiu de tamanho e, em alguns voos, nem existe mais, porque não é possível encher uma operação diária”, afirmou Dilson Verçosa Junior, diretor regional de vendas do Brasil da American Airlines, destacando que só os voos de São Paulo para os Estados Unidos têm primeira classe.

Para os trechos do Rio, a empresa tem investido no aperfeiçoamento da classe executiva, com um bar e divisória entre os assentos. É uma estratégia semelhante à adotada pela americana Delta e pela portuguesa TAP, que não têm mais a categoria top nos seus voos. A alemã Lufthansa não chegou a abrir mão da primeira classe, mas decidiu ampliar a executiva – passou de 48 para 80 lugares nos voos que partem de São Paulo e do Rio. Também criou mais uma categoria: a econômica premium, versão melhorada da simples econômica. A diferença de preço entre a categoria mais top e a mais básica na aérea alemã chega a 12 vezes.

Asiáticas

Até mesmo entre as companhias aéreas asiáticas, o luxo – usado como ferramenta de marketing –não está totalmente disponível para os voos brasileiros. Na Emirates, com voos diários de Rio e São Paulo para Dubai, a primeira classe não conta com banheiros com chuveiro para as 14 “suítes privativas” nem com o xampu Bvlgari. O lounge com bar também ficou de fora. Ao menos o champanhe Dom Pérignon e o serviço de motorista são oferecidos. Na Qatar Airways, com voos diários de São Paulo para Doha e Buenos Aires, não há primeira classe. O serviço em outras rotas conta com bar, menu do chef Nobu Matsuhisa, ou os kits da grife Giorgio Armani. Quem viaja a partir do Brasil não ganha os pijamas da grife italiana Missoni nem desfruta dos assentos que podem se transformar numa mesa de jantar a dois.

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