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É interessante observar como poucas pessoas usam um dos maiores avanços dos últimos tempos: a possibilidade de acessar a internet pelo telefone celular, de qualquer lugar. Isto deveria nos dar muitos "poderes", possibilitando responder a qualquer pergunta de qualquer lugar, sem ter de esperar até se ter acesso ao computador. Se os celulares fornecessem uma boa conexão à internet, nós provavelmente também os usaríamos em casa, já que eles estão sempre ao alcance das mãos e o computador geralmente é acessado de outro ambiente.

Há uma série de razões pelas quais isto ainda não acontece e por que este cenário está prestes a mudar. Parte da explicação está no fato de as operadoras serem vergonhosamente ávidas ao meter a mão nos nossos bolsos, cobrando por cada item baixado pelo telefone, mesmo que, às vezes, nem tenhamos a intenção de fazer o tal download. Isto agora está mudando, já que as operadoras finalmente começaram a oferecer tarifas fixas para a utilização da internet – mas isso não é o suficiente para expandir a web no celular.

Por quê? Porque a experiência para o usuário ainda não é boa o suficiente. Os telefones foram criados para fazer ligações. No começo, ninguém tinha a menor idéia de que os celulares seriam tão populares, menos ainda que teriam cerca de 60 funções diferentes, dentre as quais navegar pela internet. As telas ficaram maiores para tornar palavras, fotos e vídeos mais visíveis, os teclados, por sua vez, encolheram, tornando mais difícil digitar as palavras que você precisa para fazer as buscas na web. Em alguns aparelhos você ainda tem que fazer diversos movimentos com o dedão até chegar na caixa de busca. É uma loucura. Navegar em pequenos celulares é um esporte para a minoria, muito menos popular que escrever mensagens de texto, conversar ao telefone e utilizar a função do alarme, que estão entre as nossas prioridades.

Agora as coisas começaram a mudar. Os celulares estão prestes a viver uma nova guerra virtual, como há alguns anos que terminou com a Microsoft ganhando a batalha dos navegadores (com o Internet Explorer batendo o Netscape) e o Google triunfando nas buscas. Espera-se que a melhor experiência para o usuário ganhe esta batalha (mas não aposte muito nisso). Está valendo tudo no mercado de smartphones, onde a Symbian, empresa com sede em Londres, é a dominante no fornecimento de sistemas operacionais (com 70% do mercado), seguida pela Microsoft, Apple, Linux e outras. A Opera, de origem norueguesa, é a líder do mercado de navegadores, mas encontra novos competidores como o Safari da Apple no iPhone, a oferta de código aberto da Nokia e, em breve, as novidades do Google. O Yahoo! aprimorou muito seu módulo de buscas. E foi necessário fazê-lo já que o Google em breve lançará a versão aprimorada do seu software de busca para celulares, aumentando sua mina de ouro.

Eu já experimentei o Opera antes e não fiquei muito impressionado, mas agora eu o tenho instalado no meu Nokia N80 como uma alternativa ao dispositivo pré-instalado pelo próprio fabricante. O Opera se diz o único navegador móvel com acesso à toda a internet e não só a versões wap das páginas. Foi impressionante levar entre cinco e sete segundos para entrar num site e, depois, metade disto para acessar seus ícones: nada brilhante para os parâmetros de banda larga, mas muito bom para um celular. O fundador do Opera, Jonvon Tetzchner afirma que o Opera comprime os dados de forma suficiente para possibilitar ao usuário uma economia de 80% a 90%, se o plano de tarifa utilizado é quantitativo, e já contabiliza 50% dos utilitários de dados móveis. É o navegador escolhido para modelos da Motorola, Sony Ericsson e HTC e, se você tem um Nintendo Wii, ele também possibilita abrir sites como o YouTube na sua televisão (se você curte isso). Ele proporciona bom acesso interativo a jornais, sites como o da BBC, Flickr, Facebook e webmails, inclusive para fazer upload de fotos.

O oneSearch, da Yahoo!, é um avanço significativo, com buscas rápidas e um "carrossel" que possibilita ao usuário mudar de notícias para mensagens instantâneas, previsão do tempo ou (excelente!) instruções de trânsito, tudo com um único clique. Quando o Google segue a Apple em seus novos produtos, a rede de celulares promete uma explosão de idéias. Os consumidores é que receberão os prêmios desta tendência – melhor ainda se ninguém estabelecer um monopólio, e ainda se comprometer com a concorrência com os demais participantes da internet móvel.

Victor Keegan é comentarista de tecnologia do The Guardian.

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