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A luta de última hora de Washington para evitar um "abismo fiscal", que poderia levar o país à recessão, seguiu nesta terça-feira (1º) para a Câmara dos Deputados controlada por republicanos, depois que o Senado aprovou um acordo bipartidário para evitar grandes aumentos de impostos e cortes de gastos.

Em uma rara demonstração de união, tarde da noite, o Senado votou por 89 a 8 um aumento de impostos para os ricos, enquanto manteve as taxas baixas para eleitores de renda média.

As perspectivas do projeto de lei são menos garantidas na Câmara, onde a votação ainda não está marcada.

Muitos republicanos conservadores rejeitaram os aumentos de impostos para qualquer norte-americano, independentemente da renda. Alguns democratas liberais também estavam preocupados com um acordo complexo que eles achavam que fazia muitas concessões.

A incerteza prolongada em relação à política tributária e de gastos dos EUA vem desanimando investidores e reduzindo o ritmo dos negócios há meses, e os legisladores esperavam chegar a um acordo antes desta terça-feira, quando diversos aumentos automáticos de impostos e cortes de gastos começariam a abrir um rombo de 600 bilhões de dólares na economia norte-americana.

Os mercados financeiros evitaram uma queda acentuada por entender que Washington acabaria por conseguir evitar jogar o país no abismo fiscal e na recessão.

Com os mercados financeiros fechados pelo feriado de Ano Novo, os legisladores têm um dia a mais para fechar o acordo. "Meu distrito não pode se dar ao luxo de esperar alguns dias e ver as ações caírem 300 pontos amanhã se não nos juntarmos para fazer algo," disse o deputado Steve Cohen, um democrata do Tennessee, no plenário da Câmara.

O projeto de lei que foi aprovado pelo Senado por volta das 2h desta terça-feira aumenta o imposto sobre a renda para famílias que ganham mais de 450 mil dólares por ano.

Os baixos impostos que estavam em vigor para os contribuintes menos abastados na última década se tornariam permanentes, assim como uma série de incentivos fiscais direcionados e postos em prática pelo presidente Barack Obama no auge da recessão de 2009.

Entretanto, os trabalhadores veriam até 2 mil dólares a mais serem retirados de seus salários quando chegasse a data de vencimento do corte temporário dos impostos sobre seus vencimentos.

O projeto de lei também poderá atrasar um corte dos gastos domésticos e militares, de 8 por cento por dois meses, e estender os benefícios de auxílio desemprego para 2 milhões de pessoas, que de outra forma ficariam sem eles.

Em um comunicado na segunda-feira, Obama pressionou a Câmara a votar. "Há mais trabalho a ser feito para reduzir nossos déficits, e eu estou disposto a fazê-lo," disse ele.

Os republicanos esperavam incluir cortes de gastos significativos no acordo, para reduzir o déficit orçamentário de trilhões de dólares. Os conservadores já estão ansiosos pela nova batalha sobre o teto dos gastos marcada para o final de fevereiro, para extrair medidas de redução do déficit do presidente democrata.

O Escritório de Orçamento do Congresso norte-americano (CBO, em inglês) afirmou nesta terça-feira que os legisladores do senado advertiram que o abismo fiscal irá acrescentar cerca de 4 trilhões de dólares ao déficit federal em uma década.

O vice-presidente Joe Biden, que teve papel fundamental na aprovação da medida no Senado, se reuniu a portas fechadas com os democratas da Câmara. O apoio deles provavelmente será necessário para a aprovação do projeto. Os republicanos devem se reunir para discutir "um caminho a seguir," disse um assessor.

A reunião poderia ajudar os líderes republicanos a decidirem quando devem começar a deliberar sobre a medida apoiada pela Casa Branca. Uma votação pode acontecer no final do dia, mas ainda não foi marcada.

O conservador Club for Growth (Clube para o Crescimento) pediu que a medida do Senado recebesse um voto "não" ou negativo, dizendo que ele ficaria no "critério de avaliação do Congresso", utilizado para questionar os membros do Congresso. Grupos liberais também pressionaram os democratas a rejeitarem o acordo.

Richard Trumka, presidente do sindicato AFL-CIO postou no Twitter que o acordo não aumenta os impostos suficientemente sobre os ricos e "prepara o terreno para tomada de mais reféns" pelos republicanos em futuros confrontos orçamentários.

O representante republicano Tom Cole disse que seus colegas da Câmara devem aprovar o projeto do Senado em vez de tentar mudá-lo.

"Precisamos aprovar este acordo imediatamente, e vamos sobreviver e lutar outro dia", disse Cole à MSNBC. "Cuidar disso antes da abertura dos mercados na quarta-feira é algo realmente muito importante."

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