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Sócios minoritários do grupo X criticam a maneira como Eike Batista se posiciona sobre a atual situação financeira de seus negócios | Danilo Verpa/Folhapress
Sócios minoritários do grupo X criticam a maneira como Eike Batista se posiciona sobre a atual situação financeira de seus negócios| Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Os acionistas minoritários do grupo X acharam que as primeiras declarações de Eike Batista, após um ano de silêncio, ocorreram "em busca de piedade, e tarde demais". Esta é a principal leitura de sobre o empresário ter afirmado, nesta quinta-feira (18), ter hoje patrimônio líquido negativo de US$ 1 bilhão e reforçou que nunca ludibriou investidores. Ele ressaltou ainda que trabalha para a recuperação das companhias.

"Em nenhum momento, depois de um ano, Eike Batista fala em garantias a credores e minoritários", diz Aurélio Valporto, do conselho da Associação Nacional de Proteção aos Acionistas Minoritários. Para o economista, Eike pareceu estar em busca de piedade da opinião pública, ao insistir na riqueza incontestável por trás dos projetos das empresas do grupo, afirmando que a derrocada foi puxada por uma fatalidade ocorrida na OGX (hoje OGPar, em recuperação judicial), a petroleira do grupo.

"Ele insiste que o mercado de petróleo, e também o de ações, é de alto risco. Ninguém está reclamando de prejuízo no mercado, mas de roubo. Perder no mercado é parte do jogo. Ser roubado, não", afirma.

Para o advogado Márcio Lobo, minoritário da OGX, Eike Batista decidiu falar tarde demais. "Dizer que contratou mal e que, agora, botou todo o seu patrimônio nas mãos de credores não o isenta de responsabilidade. Sofrer as consequências dos próprios erros não o isenta de ter que ressarcir as pessoas e as empresas que lesou", argumenta.

Lobo representa grupos de acionistas que preparam novas ações contra o empresário. Eles já têm outras tramitando na Justiça. O advogado defende ainda que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, xerife do mercado financeiro) é corresponsável pela proporção da crise nos negócios do grupo X. "Eike diz que houve crise de confiança. Mas a verdade é que foi tudo uma aventura. O mercado não identificou que ele era um sonhador."

O advogado de Eike Batista, Sérgio Bermudes, afirma que o empresário não ignora a situação de minoritários e credores. E procura reparar prejuízos. "Ele nunca negou a importância dos investidores e não disse que vai deixar de pagar", afirmou.

Eike segue acreditando em seus projetos. Ao jornal O Globo afirmou estar certo de que a gestão da OGX não poderia ter sido diferente. Fez poucas ressalvas: "Deveria ter vendido participações, fechado o capital das companhias e ficado no mercado de private equity. É dinheiro privado que tem mais prazo, em que você aguenta o tranco numa queda gigante e tem chance de recuperar", disse o empresário.

Na defesa que apresenta, Eike chama atenção para o Porto do Açu, empreendimento sob o chapéu da Prumo (antiga LLX, de logística), em São João da Barra, no Norte Fluminense. Ele o classifica como o projeto com maior potencial para atrair investidores e gerar resultado para o grupo.

Outro destaque é o avanço do fundo Mubadala - um dos principais credores de Eike Batista, junto com os bancos Bradesco e Itaú - em participações em companhias do empresário. Trata-se de um processo de reestruturação do investimento do fundo nas empresas do grupo X.

O Mubadala Development Co é um fundo soberano de Abu Dhabi. Estabelecido em 2002, seus ativos financeiros somam US$ 223,8 bilhões, com uma carteira declarada de investimentos em 72 empresas dos mais diversos setores, segundo o serviço de informações financeiras da Bloomberg. Do total, 36 das companhias nas quais investiu estão baseadas nos Emirados Árabes, nove nos EUA e quatro na Rússia.

O fundo é presidido por Mohamed Bin Zayed al Nahyan, príncipe e vice-comandante supremo das Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos. O diretor executivo Khaldoon Khalifa al Mubarak é um empresário educado nos EUA, que acumula a presidência do time de futebol inglês Manchester City - comprado em 2008 pelo fundo de private equity Abu Dhabi United Group, também ligado à família real.

O mais novo ativo a chegar às mãos do parceiro árabe é a IMX. A empresa é uma joint-venture na área de esportes e entretenimento com a gigante estrangeira IMG.

A IMX é sócia do Rock in Rio e do Cirque du Soleil na América do Sul, além de gerir arenas como o Maracanã. Em outra frente de investimento, a AUX, empresa de mineração de ouro que detém direitos minerários na Colômbia, passou para o Mubadala e, este mês, foi vendida pelo fundo para um grupo de empresários do Qatar, por cerca de US$ 400 milhões, segundo Bermudes.

No início do mês passado, a MMX, mineradora do grupo, anunciou uma transferência de 10,52% de ações da empresa em nome de Eike para a Mubadala. Outra fatia do empresário na Prumo, de 10,44%, também ficará nas mãos do fundo. O Mubadala e a trading Trafigura fizeram aporte de US$ 400 milhões no Porto do Sudeste, projeto da MMX, em Itaguaí. Com a operação, adquiriram 65% do negócio fechado em fevereiro.

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