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Ações da CCR despencam após acordo com MPF paranaense e setor entra no radar dos analistas

Acordo da Rodonorte, do grupo CCR, pode ser o primeiro de outros no âmbito da Lava Jato no Paraná. Além disso, investigações em SP também poderiam envolver outras empresas do setor

Praça de pedágio da Rodonorte, no Paraná. Empresa fechou acordo de leniência com MPF do Paraná. | Arquivo/Gazetado Povo/
Praça de pedágio da Rodonorte, no Paraná. Empresa fechou acordo de leniência com MPF do Paraná. (Foto: Arquivo/Gazetado Povo/)

Na quarta-feira (6), primeiro dia de funcionamento da Bolsa brasileira após o carnaval e um dia depois da revelação de que a Rodonorte, concessionária de pedágio do Grupo CCR, estaria negociando um acordo de leniência com o Ministério Público Federal do Paraná no âmbito da Operação Integração, derivada Lava Jato, as ações do grupo chegaram a cair 5,14%.

A queda significaria perda de R$ 1,37 bilhão no valor da companhia, avaliada em R$ 27,41 bilhões no mercado de ações. Ainda no meio da tarde, por volta das 15h, quando o acordo foi confirmado pela companhia, os preços tiveram uma ligeira recuperação, mas encerraram o pregão a R$ 13,51, uma queda de mais de três pontos percentuais.

Nesta quinta-feira (7), ainda sob o efeito do acordo, em que a companhia admitiu ter pago propina ao governo do Paraná, em especial na gestão de Beto Richa (PSDB), para modificar contratos em seu favor, os papeis da empresa caíam 6,74%, cotados a R$ 12,59, às 15h25.

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Aparentemente, o acordo traz um alento em termos de transparência e põe fim a uma série de oscilações na cotação dos papeis da empresa desde o início das investigações, não só no Paraná mas também em São Paulo, onde as relações da CCR e outras empresas do setor com políticos vêm sendo examinadas pelo Ministério Público do estado.

Apesar disso, o acordo da Rodonorte também acendeu o sinal de alerta do mercado em relação ao setor, frequentemente investigado por suspeitas de corrupção.

Ainda na quarta (6), o jornal Valor Econômico lembrou que em novembro de 2018 a CCR acertou com o MP-SP o pagamento de R$ 81,5 milhões para evitar processos em razão da admissão de que criou “caixa dois com recursos obtidos a partir de contratos superfaturados com empreiteiras e com empresa do doleiro Adir Assad”. Esses recursos teriam sido destinados a políticos paulistas de vários partidos, segundo o órgão.

De acordo com o Valor, na assinatura desse acordo ficou acertado que CCR e MP-SP estudariam um segundo acordo referente ao eventual pagamento de propinas em São Paulo em 2019. O sistema Anhanguera-Bandeirantes está entre as operações da CCR no estado. Além da CCR, diz o Valor, outras concessionárias investigadas também poderiam fazer parte do acordo.

“Após o acordo, também vamos monitorar os contratos da Ecorodovias com o estado do Paraná”, destacou o Itaú BBA em análise aos investidores. O fato de o acordo com o MPF do Paraná ter sido bem maior do que o acerto feito com o MPSP, além das obrigações de redução de tarifa e novas obras, no entanto, surpreendeu os investidores, diz o BTG Pactual. O banco de investimento continua recomendando a compra das ações da CCR, mas dá preferência maior para a Rumo no setor de infraestrutura e estradas porque ela tem conseguido ter operações mais lucrativas.

Além disso, o BTG Pactual também lembra que ainda é cedo para avaliar o impacto das medidas de redução de tarifas e de obras, incluindo extensões de concessões, no balanço do grupo.

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Já a TORO Investimentos avalia que a tendência no médio prazo (5 dias a 3 meses) é de que as ações da companhia continuem em queda e também de que há um patamar de resistência nos preços das ações da CCR em em torno R$ 13,75. “O envolvimento da companhia já era de conhecimento do mercado. A informação nova é o valor das multas, que é alto e terá um impacto importante no caixa, mas no longo prazo a CCR mantém a capacidade de participação em licitações e de realização de obras nas concessões que já possui. Mas a Toro aposta na recuperação do papel no longo prazo, de forma que o desconto dos últimos dias gera a possibilidade de uma compra em preços mais atraentes”, afirma Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos.

No geral, porém, a expectativa do mercado com a empresa ainda é bastante positiva, tanto pelo setor como um todo ser fundamental para a infraestrutura do país quanto em razão dos leilões já realizados ou necessários para a administração da malha rodoviária do país a curto e médios prazos.

Em novembro do ano passado, a Companhia de Participações em Concessões (CPC), também do grupo CCR, por exemplo, venceu o leilão para administrar quatro trechos de estradas no Rio Grande do Sul: as BRs 101, 386, 448, além da freeway gaúcha. Com essa nova concessão, o grupo passa a gerenciar 10 importantes trechos do país, em cinco estados.

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