Há cinco anos, a modelo Ana Carolina Barbosa Silva, 21, não imaginava que sua vida tomaria o rumo do mundo fashion. "Eu não queria ser modelo, foram eles que me procuraram", contou. "Eles" eram os agentes de modelo que se encantaram pela beleza daquela menina de 16 anos, caminhando tranqüila por uma praia de João Pessoa-PB.
Dali em diante Ana Carolina assumiu seu destino de modelo. Fez um workshop e foi convidada por um agente internacional para viajar o mundo. Conheceu lugares como Coréia do Sul, Singapura, Filipinas e Malásia. De volta ao Brasil foi morar em São Paulo e participou de seu primeiro São Paulo Fashion Week. Isso tudo em cinco anos.
"A gente ouve um monte de 'não' e de 'sim', mas recebe em dólares e viaja por vários países", avaliou a modelo.
Desde dezembro de 2005, Ana Carolina mora com a família em Curitiba. Esta semana, participa de seu segundo Crystal Fashion. "A seleção ocorre dois dias antes do desfile e ficamos todas bem apreensivas", disse. Até a apreensão pré-desfile, no entanto, há um longo caminho.
Vida de modelo não é fácil
Segundo a booker Andréia Amaral, da agência Ford Models, para chegar à modelo a menina passa por um longo processo de preparação. O caso de Ana Carolina é raro, normalmente elas iniciam a carreira aos 12 ou 13 anos. "Nós podemos observar já nesta idade o potencial da futura modelo", contou.
Desde cedo, elas fazem aulas de passarela, expressão corporal, fotografia, maquiagem, postura e até nutrição. "As modelos serão referência de beleza, por isso é importante treiná-las sob todos aspectos", disse Amaral. As atitudes fora da passarela são tão importantes quanto o desfile.
As medidas também são exigências básicas: no mínimo 1,74m de altura e médias de 89cm de quadril, 62 de cintura e 84-86 de busto. Amaral disse que problemas de anorexia são raros e ocorrem somente com meninas que saem do equilíbrio. Como as roupas são todas de um único tamanho (38, um número não tão baixo) as modelos devem encaixar no número. "Algumas se preocupam em excesso com a forma e cometem exageros no regime", justificou.
Na passarela é a grife quem dá a exigência final às modelos que irão representar suas coleções. Estilos mais 'mulherão' ou 'menininha' fazem toda a diferença, de acordo com o estilo da grife. "Muitas marcas colam suas imagem às das suas modelos", comentou. Da praia à passarela
Até o desfile são várias etapas. Para Ana Carolina, a parte mais nervosa é passar pela seleção das grifes, que define qual coleção cada modelo irá representar.
No dia do desfile a primeira tarefa é o teste de roupa. Depois disso, as modelos encaram as sessões de maquiagem e penteado. "A gente sai do camarim muito diferente de como entrou."
Segundo Rosângela Wenceslau Brás, gerente da Sepha, empresa responsável pela maquiagem das modelos do Crystal Fashion, a maquiagem segue a tendência da moda nas confecções. É um complemento da roupa. Para a moda primavera/verão a tendência são blash tons dourados e prata, e batom vermelho e rosa.
O bronze do verão também dá trabalho à equipe de maquiagem, que precisa maquiar todo o corpo das modelos uma espécie de bronzeamento artificial em tempo recorde. Principalmente quando o que está na passarela são coleções de lingerie e moda praia.
Então é a vez dos cabelos. De nada adianta a roupa estar bonita se a modelo não está apresentável, acredita Allan Cechelero, coordenador de marketing da Lady & Lord, que vai cuidar dos cabelos no evento. "São vários tipos de penteados e cortes, depende do gosto de cada grife", explicou. Para Allan, o ideal são cabelos simples, práticos e versáteis.
Após todo esse preparo é a vez da passarela. São quatro horas de filas e trocas de roupa nos bastidores e meros 30 segundos para cada desfile. "É uma loucura, tudo acontece muito rápido", conta Ana Carolina. Mas vale a pena, o público aplaude as coleções da nova estação e valoriza o trabalho de cada modelo.
