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Política econômica

Acordo regulatório está atrasado em 20 anos

Entre 1929 e 1933, a Grande Depressão paralisou 5 mil bancos, levou à falência 85 mil empresas e tirou o emprego de 15 milhões de norte-americanos, além de reduzir a um terço o comércio mundial. Para a Europa, o sufoco maior veio com a devastação provocada pela 2ª Guerra Mundial. Foi nesse contexto que representantes de 44 países se reuniram, em junho de 1944, em Bretton Woods, nos EUA, para restabelecer a harmonia do capitalismo global, regulamentando o ambiente cambial e monetário. A conferência resultou na criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial e no abandono do "padrão-ouro"; a partir dali, o dólar virou a moeda de referência.

Na semana que passou, cresceram os rumores de que o Banco Mundial estaria preparando uma série de estudos para um novo acordo regulatório, nos moldes de Bretton Woods, desta vez para restaurar a confiabilidade do sistema financeiro. Até porque é grande a gritaria contra a falta de consistência de tópicos como os limites de liquidez para os bancos e o desempenho das agências de classificação de risco – as mesmas que não se deram conta do perigo representado por títulos "derivativos", lastreados em hipotecas de qualidade duvidosa.

"Esse ‘novo Bretton Woods’ deveria ter ocorrido há uns 20 anos, desde que a crescente negociação de derivativos aumentou violentamente a volatilidade dos mercados. Hoje existe toda uma constelação de produtos financeiros, movimentados na velocidade da tecnologia da informação, que não eram sequer imaginados na década de 40", diz o economista Robson Gonçalves, do Isae/FGV.

Manuel Garcia, da FEA/USP, lembra que, há oito anos, os norte-americanos perderam uma boa oportunidade para evitar o surgimento da bolha do subprime. "Em 2000, o Congresso dos EUA decidiu não regumentar derivativos como os títulos hipotecários. Tudo correu muito bem enquanto as pessoas estavam pagando as hipotecas. Agora, o governo teve de entrar pesado para evitar um colapso que já não ficaria restrito às bolsas."

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