• Carregando...
Apesar da alta no preço, álcool ainda é mais econômico que gasolina | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Apesar da alta no preço, álcool ainda é mais econômico que gasolina| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O mês passado foi o outubro mais caro da década no mercado de combustíveis do Paraná. Com alta de 3% em relação a setembro, a gasolina foi vendida a um preço médio de R$ 2,50 o litro, valor mais alto desde dezembro de 2006 e o maior para meses de outubro já registrado pela pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), iniciada em 2001. O preço do álcool também alcançou patamar inédito para outubro, atingindo cerca de R$ 1,62 por litro, a maior média mensal desde abril de 2007. No mês, o derivado da cana-de-açúcar subiu quase 17% no estado, o reajuste mais alto do país.

A disparada do álcool, observada em quase todo o território nacional, tornou a gasolina a opção mais vantajosa para carros "flex" na maioria dos estados. Até setembro, em apenas cinco unidades da federação valia a pena abastecer carros bicombustíveis com o derivado de petróleo; em outubro, o número subiu para 14.

Apesar do forte reajuste, no Paraná o álcool ainda é a alternativa mais barata. O preço médio cobrado no estado, que em setembro correspondia a 57% do custo da gasolina, agora equivale a 65%. Ainda assim, permanece abaixo de 70% – acima desse nível, estima-se que a gasolina seja mais vantajosa para a maioria dos veículos. Portanto, se a gasolina permanecesse a R$ 2,50, o litro do álcool teria de chegar a R$ 1,76 para que ela ficasse mais competitiva.

Nos últimos quatro anos, a relação média entre os preços do álcool e da gasolina ficou em torno de 61% no Paraná, quase sempre favorecendo o combustível de cana. Um dos motivos é que o estado é um dos três maiores produtores do país. Por isso, mesmo com os recentes aumentos, o etanol vendido aqui ainda é o quarto mais barato entre todas as unidades da federação.

Chuva demais

A Alcopar, associação que representa os usineiros do estado, atribui o comportamento dos preços às chuvas constantes, que dificultaram o avanço da colheita e também reduziram a produtividade da cana. "Deveríamos estar muito mais adiantados. Nesta altura do ano, normalmente já teríamos moído pelo menos 80% da safra, mas até agora não chegamos a 70%", diz o presidente da Alcopar, Anísio Tormena. "Só nos últimos dias, em que tivemos sol, pudemos retomar as atividades."

O cenário não é exclusividade do Paraná. A Unica, principal representante do setor sucroalcooleito no Brasil, diz que a colheita foi prejudicada em quase todo o Centro-Sul do país e que, por isso, cerca de 30% da safra ainda está "na lavoura". Embora ainda haja cana para colher, a entidade prevê que os preços tendem a seguir em alta até o início "oficial" do próximo ciclo, em março do ano que vem. Como a gasolina brasileira tem 25% de álcool, seu preço também tende a subir, embora em ritmo mais lento.

Açúcar rentável

Além da chuva, outro fator tem limitado a oferta de álcool: produzir açúcar, outro subproduto da cana, está mais rentável que fabricar combustível. "Temos que considerar que o açúcar normalmente é vendido no ano anterior à sua produção, e há sanções pesadíssimas a quem não entregar o prometido. E aí o empresário se esmera em atender primeiro a necessidade de produção de açúcar", argumenta Tormena. Uma das soluções para o governo segurar o preço do álcool é reduzir sua proporção na gasolina de 25% para 20%, expediente já adotado em outras ocasiões.Serviço: Para descobrir qual o combustível com preço mais vantajoso, divida o preço do álcool pelo da gasolina. Vale a pena usar álcool se o resultado for menor ou igual a 0,7. Acima disso, compensa abastecer com gasolina. Essa relação, no entanto, pode variar conforme o veículo e a regulagem do motor.

* * * * *

Interatividade: Você costuma fazer as contas para saber se vale a pena abastecer o carro "flex" com álcool ou gasolina?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]