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Telhados cobertos por painéis fotovoltaicos (azuis) em Heidelberg: na Alemanha, consumidor pode produzir sua própria energia e vender o excedente à rede | Jimw / Creative Commons
Telhados cobertos por painéis fotovoltaicos (azuis) em Heidelberg: na Alemanha, consumidor pode produzir sua própria energia e vender o excedente à rede| Foto: Jimw / Creative Commons

Aproveitamento

"Usina" no teto garante oferta de eletricidade à sede do banco

Toda a energia elétrica consumida pelos 3,5 mil funcionários que trabalham na sede do banco alemão KfW, em Frankfurt, na Alemanha, é gerada pelos painéis solares instalados na parte superior do prédio. O sistema tem capacidade de 35,8 quilowatts (kW) e já proporcionou economia equivalente a 413 mil kWh de consumo.

Eficiência

Outro prédio do banco também foi projetado para economizar energia, sendo considerado o melhor do mundo em eficiência energética, segundo o gerente principal do KfW, Karim ould Chiah.

O prédio aproveita a incidência de luz solar e tem sistema de regulação de temperatura que dispensa o uso de calefação e resfriamento com ar-condicionado, que consomem muita energia. Com essas medidas, o banco alemão deixou de despejar 250 toneladas de gás carbônico na atmosfera desde que o sistema foi implantado.

O banco de investimentos KfW, do governo alemão, está prestes a criar uma linha de financiamento no valor de 90 milhões de euros – o equivalente a R$ 212 milhões – para desenvolver projetos de energia solar no Brasil. Os recursos deverão ser repassados no país pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos públicos e privados que ajudem a implantar esse sistema de geração.

De acordo com o gerente principal de projetos Karim ould Chih, responsável pela divisão de infraestrutura econômica e setor financeiro para América Latina e Caribe do KfW, o dinheiro "já está carimbado", apenas guardando a formalização do acordo entre os dois governos.

Inicialmente, o projeto prevê liberação de 40 milhões de euros, podendo chegar a 90 milhões de euros "se houver projetos que justifiquem essa quantia", explica o executivo. O anúncio oficial do acordo deverá ser feito no dia 16 de maio, no Rio de Janeiro, na sede do BNDES. "Estamos confiantes de que haverá o fundo, o que abre oportunidade para implantar a energia solar no Brasil", afirma Chih.

Parte desses recursos deve ser destinada a projetos da cobertura de estádios visando a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Os estádios do Maracanã (Rio de Janeiro), Cidade da Copa (Recife), Castelão (Fortaleza), Vivaldo Lima (Manaus) e Mané Garrincha (Brasília) já têm estudos de viabilidade aprovados. Segundo Chih, não houve até o momento nenhuma manifestação de interesse do comitê que cuida da realização da Copa em Curitiba para projetos na Arena da Baixada. "Mas estamos abertos a quem se interessar", ressalta.

Em alguns estados, os projetos são capitaneados pelas empresas de geração de energia, como no caso da Cemig, de Minas Gerais. "O financiamento não é só para estádios. O dinheiro poderá também ser aplicado em aeroportos e grandes prédios, abrindo outras oportunidades de negócios, como a cessão de espaço para instalação dos painéis solares", explica o gerente do KfW.

Fomento energético

Nos últimos dois anos, o KfW financiou aproximadamente US$ 200 milhões (R$ 324 milhões) em projetos de energias limpas no Brasil. Foram US$ 64 milhões em uma linha de crédito para projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e US$ 134 milhões destinados a projetos de energia eólica – recursos contratados para construção de três parques eólicos, um no Rio de Janeiro e dois no Nordeste.

O gerente explica que o KfW (equivalente ao BNDES no Brasil) consegue captar esses recursos no mercado por um custo muito baixo, já que tem rating (classificação de risco) AAA, a melhor avaliação possível. Além disso, o Ministério para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha (BMZ) ainda subsidia uma parte com fundos próprios.

Uma Itaipu no telhado

O objetivo maior no Brasil, revela Chih, será a instalação de painéis residenciais, o que ainda depende da aprovação de um projeto de lei pelo Congresso que autorize a conexão da energia gerada ao restante do sistema. A ideia é que isso seja viabilizado dentro de três anos.

O custo médio de instalação de um painel solar na Alemanha é de 2,5 mil euros, o que garante ao consumidor um retorno de 6% ao ano com a venda de energia gerada ao governo – o dobro do que é pago pelos títulos do tesouro alemão (3%).

O país europeu tem capacidade instalada de 18 mil megawatts (MW) de geração de energia solar, sendo que mais de 80% dessa eletricidade (14,4 mil MW) provém de painéis residenciais e o restante (3,6 mil MW), de usinas solares. Para efeito de comparação, a hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo, tem capacidade máxima de 14 mil megawatts.

O repórter viajou a convite da Eletrosul.

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