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A luta pela reforma do sistema financeiro internacional ganhou nesta terça-feira um elemento a mais de polêmica. Em reunião de 17 países, em Paris, a Alemanha acusou a Suíça de oferecer condições propícias às fraudes contábeis e pediu à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que inclua o país em sua lista negra de paraísos fiscais. Ao lado do Reino Unido, Alemanha e França lideram na Europa uma cruzada pela transparência na transações em centros offshore (paraísos fiscais).

A reunião de trabalho aconteceu nesta manhã, na sede do Ministério da Economia da França, em Paris. Ministros dos 17 países - representantes da Suíça, da Áustria e de Luxemburgo, convidados, não compareceram - discutiram os critérios usados pela OCDE para definir os paraísos fiscais. As delegações acertaram que a organização reverá sua lista, hoje composta apenas por Mônaco, Andorra e Liechtenstein.

Ao fim do evento, em entrevista coletiva à imprensa, o ministro das Finanças da Alemanha, Peer Steinbrück, deixou a diplomacia de lado e atacou de maneira frontal a política do país vizinho, que não integra a União Européia - e por isso não compartilha do sistema legal do bloco econômico. "A Suíça oferece condições que encorajam o contribuinte alemão a fraudar. Logo, a meu ver, ela deve figurar na lista", disparou Steinbrück. "Não questiono a soberania da Suíça ou de Liechtenstein. É o contrário que acontece: é a soberania da Alemanha que é prejudicada pelas condições oferecidas por certos países.

Eric Woerth, ministro do Orçamento francês, evitou indicar culpados, porém alertou que seu governo lutará por alterações nas regras do sistema financeiro que lhe garantam mais transparência. "Não temos o hábito de apontar o dedo, mas não podemos deixar um certo número de países se beneficiar de condições ilegais", disse.

O secretário-geral da OCDE, José Angel Gurria, definiu o tema como político, mais do que puramente técnico. Pascal Saint-Amans responsável pela luta contra os paraísos fiscais na organização lembrou o contexto de crise atual para pedir mais ética ao sistema: "No momento em que os bancos são recapitalizados maciçamente por Estados, me parece inaceitável deixar perdurar um sistema no qual essas instituições contribuem à fraude fiscal via suas filiais em paraísos fiscais", disse.

Até julho de 2009, uma cúpula será promovida por Alemanha e França, em Berlim, para apontar decisões sobre o tema. Uma das sanções possíveis é a suspensão de convenções fiscais com países que mantiverem, entre outras proteções, o segredo bancário.

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