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Colheita da soja na região de Campos Novos, no Meio-oeste catarinense| Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

Os alimentos, um dos principais itens na cesta de consumo dos brasileiros, estão apresentando um alívio para o bolso neste ano. Após três anos consecutivos de aumentos significativos - 14,09% em 2020, 7,94% em 2021 e 11,64% em 2022 -, os preços estão mostrando uma acomodação, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda foi de 0,7% entre janeiro e outubro. Houve uma sequência de quatro meses de reduções consecutivas nos preços, entre junho e setembro. No acumulado do ano, a retração nos preços é impulsionada por óleos e gorduras (-17,51%), tubérculos, raízes e legumes (-14,54%), carnes (-11,08%), e aves e ovos (-8,06%).

Diversos fatores contribuíram para esse cenário, incluindo a excepcional safra agrícola de 2022/23, que registrou uma colheita de 321,4 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e a estabilidade nos preços das commodities agrícolas internacionais.

O economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, destaca que as carnes experimentaram oito meses consecutivos de queda nos preços até setembro. Essa redução não está relacionada às promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de reduzir os preços, mas sim a um ciclo favorável de abates e à redução de custos, como a ração, composta principalmente de soja e milho.

Queda no preço dos alimentos não deve se manter nos próximos meses

No entanto, a expectativa é de que a queda nos preços dos alimentos não se mantenha nos próximos meses. A previsão é de uma alta nos preços dos alimentos ao longo de 2024, estimada em 6% pela estrategista de inflação Andréa Angelo, da Warren Rena.

A perspectiva é de que o pico ocorra em novembro, chegando a 1,2%, algo não observado desde julho de 2022. Além das questões climáticas, a proximidade das festas de final de ano, quando o consumo de carnes e alimentos processados industrialmente aumenta, também deve influenciar.

O fenômeno climático El Niño é apontado como um dos principais motivos para a alta nos preços dos alimentos. Esse fenômeno, caracterizado pelo aquecimento das águas do Pacífico Central, provoca mais chuvas no Sul/Sudeste e menos no Norte/Nordeste. Embora tenha uma intensidade moderada até o momento, há uma probabilidade de 75% a 85% de que se torne mais forte, atingindo o pico no verão, de acordo com o último relatório da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

El Niño deve contribuir para a inflação

A tendência é de um recrudescimento no fenômeno climático, a partir do próximo mês, segundo Maluf, da XP. A Organização Meteorológica Mundial prevê que o El Niño perdure pelo menos até abril de 2024. Os economistas ouvidos pela Gazeta do Povo acreditam que os impactos serão mais perceptíveis na alimentação in natura do que nos grãos.

Rafael Perez, economista da Suno Research, afirma que, mesmo que o El Niño afete negativamente algumas culturas relevantes, como milho e trigo, a oferta de diversos produtos agrícolas continua elevada, bem acima da demanda.

Os levantamentos da Conab indicam que a oferta de grãos deve permanecer alta, com uma estimativa de 316,7 milhões de toneladas, 1,5% abaixo do ciclo 2022/23. Essa condição pode contribuir para a queda das cotações nos mercados internacionais e servir como contrapeso para alguns itens mais suscetíveis às mudanças climáticas intensas. "É também provável uma recomposição da safra na Argentina, um dos principais produtores mundiais de grãos", destaca.

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