A América Latina Logística (ALL) confirmou ontem a compra de toda a estrutura da Brasil Ferrovias, empresa que opera 6,3 mil quilômetros de linhas que ligam o estado de São Paulo a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Pelo negócio, de R$ 1,405 bilhão, a ALL repassou 20,2% de suas ações aos acionistas da Brasil Ferrovias o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica Federal. Eles passam a ter assentos no conselho de administração da empresa de logística. A transação ainda está sujeita à aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Com o acordo, assinado no Rio de Janeiro no fim da tarde, a ALL passa a ter a maior malha ferroviária da América do Sul, com 22,7 mil quilômetros, distribuída em uma região responsável por 62% do Produto Interno Bruto (PIB) do subcontinente. Agora, seus trilhos estão espalhados pelos três estados do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e um pequeno trecho em Minas Gerais, além da Argentina, onde está a maior parte da malha (12,8 mil quilômetros).
Os executivos Pedro Roberto Almeida, diretor de relações corporativas, e Paulo Basílio, diretor de industrializados, lideram a transição das operações que começa hoje, junto com 13 funcionários da ALL, na sede da Brasil Ferrovias, em Campinas. Em 15 dias, ficará pronto um diagnóstico da companhia recém-comprada. O maior desafio dos executivos será tornar lucrativa uma empresa que no ano passado teve prejuízo de R$ 600 milhões a ALL lucrou R$ 171 milhões no período. A companhia prevê investimentos de pelo menos R$ 500 milhões em infra-estrutura. "Os dois primeiros anos serão para arrumar a casa. A expectativa é que possamos ter algum lucro a partir do terceiro ano", disse Almeida. Segundo ele, uma parcela ainda não definida dos 4.349 funcionários da Brasil Ferrovias perderão seus empregos no processo.
A ALL, que atua nos portos de Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC), Rio Grande (RS) e Rosário, Buenos Aires e Zárate (Argentina), terá agora acesso ao porto de Santos, onde a Brasil Ferrovias possui 30% de participação na movimentação de cargas ferroviárias. Além de melhorar o atendimento aos produtores de grãos do Centro-Oeste e reduzir sua vulnerabilidade em relação a quebras de safra no Sul do Brasil, a ALL não precisará mais pagar pelo "direito de passagem" nos trilhos de São Paulo.
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