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A América Latina Logística (ALL) deve anunciar nos próximos dias a compra da Brasil Ferrovias. O fechamento do negócio, que movimentará mais de R$ 1 bilhão, não foi confirmado pelas duas companhias, mas é dado como certo no mercado. A aquisição vem sendo discutida desde março, quando a ALL apresentou uma proposta pela Brasil Ferrovias, que foi colocada à venda por seus principais acionistas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos de pensão Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica Federal.

A Brasil Ferrovias foi dividida em dois pacotes: um de trilhos de bitola larga, que liga São Paulo ao Mato Grosso, e outro de bitola estreita, que vai de São Paulo até o Mato Grosso do Sul. Juntos, eles somam 6,3 mil quilômetros. A ALL foi a única interessada nos dois trechos ferroviários e, por isso, largou na frente para completar a aquisição. Segundo informações que vazaram para a imprensa, a compra será feita com ações da própria ALL. Os sócios minoritários da Brasil Ferrovias que não quiserem esses papéis terão a opção de receber em dinheiro pela venda de suas participações.

Estimativas apresentadas na semana passada apontam que a aquisição não sairá por menos de R$ 1,3 bilhão. Com isso, o valor de mercado da ALL, que hoje gira em torno de R$ 7 bilhões, passaria para R$ 8,3 bilhões. A participação de cada acionista será diluída na nova estrutura, ou seja, os sócios terão um porcentual menor dos papéis de uma empresa maior. Com a compra, a ALL passaria a ter a maior malha ferroviária da América Latina, com quase 23 mil quilômetros, e teria acesso aos mercados do Centro Oeste e do Sudeste.

A aquisição é vista por analistas do mercado financeiro como uma chance de ouro para a ALL acelerar o ritmo de crescimento. Hoje, a empresa atua na Região Sul do Brasil e no Norte da Argentina. Em menos de dez anos desde que conquistou a concessão sobre a malha Sul da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), a companhia consolidou uma estratégia arrojada para aumentar a produtividade e, por isso, é vista com bons olhos pelo BNDES. "Os dois lados se beneficiam com o negócio. A ALL ganharia terreno para crescer e a Brasil Ferrovias passaria a ser controlada por um grupo capaz de melhorar sua gerência", avalia o analista de um banco de investimentos que preferiu não se identificar.

A estratégia de a ALL oferecer suas próprias ações para comprar a Brasil Ferrovias também se mostrou muito atraente para os dois lados. Se essa forma de pagamento for confirmada, a companhia não precisará mexer no dinheiro que tem em caixa. Como os papéis da ALL têm tido desempenho acima do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) e têm boa liquidez, seriam bem recebidos pelos sócios na Brasil Ferrovias.

"A ALL tem R$ 1 bilhão em caixa para explorar a demanda reprimida nas áreas de concessão da Brasil Ferrovias", diz a analista do setor de transportes Beatriz Fortunato, da gestora de fundos ARX Capital. "O potencial de crescimento da empresa dá um salto com a aquisição", completa. Crescimento que também seria bom para a infra-estrutura do país, que carece de investimentos no setor.

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