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 | Daniel Castellano / 
Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

O aumento dos preços dos combustíveis provocou uma nova onda de procura pelo GNV (gás natural veicular), mais barato que gasolina e etanol, mas que andava desacreditado desde meados dos anos 2000.

Em São Paulo, o número de conversões de veículos saltou de 1.137 no primeiro quadrimestre de 2015 para 2.340 no mesmo período de 2016. Executivos do setor dizem que a queda do poder de compra da população, aliada aos reajustes da gasolina em 2015, justificam o interesse.

“Esse é um mercado que se sai melhor na crise”, diz Jorge Mathuiy, diretor comercial da MAT SA, única fabricante de cilindros de GNV no país. Com o crescimento da demanda, a empresa dará início em junho ao terceiro turno de produção em sua fábrica de Campinas, projeto que demandou a contratação de 15 novos trabalhadores.

O setor amargou sete anos de ostracismo desde que o governo decidiu, em 2007, eliminar os incentivos ao uso de gás em veículos para priorizar a indústria e a geração de energia. Na época, o Brasil temia cortes no fornecimento após a nacionalização das reservas da Bolívia, então o maior fornecedor do país.

A partir de outubro de 2015, porém, o número de conversões voltou a crescer. A data coincide com o último reajuste no preço da gasolina. Segundo estimativas da associação das distribuidoras de gás canalizado (Abegás), o custo por quilômetro rodado com GNV equivale hoje a cerca de metade do valor pago por outro combustível.

“Com a crise econômica, as pessoas estão mais criteriosas com seus gastos. Se antes apenas táxis optavam pelo GNV, há hoje muitos carros particulares”, diz o gerente de marketing da Comgás Ricardo Vallejo.

O combustível é mais usado por motoristas que percorrem grandes distâncias, diante do alto custo da instalação do kit para uso do GNV (entre R$ 4 mil e R$ 5 mil). Um consumidor que percorre mil quilômetros por mês – pouco mais de 30 por dia – levaria 20 meses para recuperar o investimento.

Cadeia produtiva

Embora em crescimento, o ritmo de novas conversões ainda não garante a volta aos tempos áureos. A Comgás, que vende hoje cerca de 600 mil de m³/dia para o setor automotivo, chegou a vender 1,5 milhão de m³/dia em 2006.

Mas já movimenta os prestadores de serviço. “Estávamos com 15 conversões por mês. Agora, são 45”, diz Teresa Signori, gerente da System Gas, oficina em São Bernardo do Campo que contratou um técnico e um auxiliar para reforçar a equipe de três técnicos de instalação.

A vantagem do gás, porém, tende a ficar menor nos próximos meses, com o início da safra de etanol, que reduzirá os preços. Mas o excesso de oferta de gás natural pode manter a competitividade do combustível por mais tempo.

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