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“Por enquanto nada indica que vá haver retração [no comércio], a não ser que ocorra algo no exterior que não estejamos esperando.”Luciano Nakabashi, professor de Economia da UFPR | Walter Alves
“Por enquanto nada indica que vá haver retração [no comércio], a não ser que ocorra algo no exterior que não estejamos esperando.”Luciano Nakabashi, professor de Economia da UFPR| Foto: Walter Alves

O aumento de 23% na inadimplência do consumidor brasileiro nos dez primeiros meses deste ano não deve retrair as vendas do comércio no país, pelo menos no curto prazo, segundo especialistas. Os índices foram divulgados ontem pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. Em outubro, a inadimplência caiu 1,5% em relação a setembro, mas subiu 19,2% na comparação com a registrada no mesmo mês de 2010.

Para o professor de Economia da Universidade Federal do Para­­ná (UFPR) Luciano Nakabashi, ainda é cedo para falar em queda nas vendas. "Por enquanto nada indica que vá haver retração [no comércio], a não ser que ocorra algo no exterior que não estejamos esperando", diz.

Segundo Nakabashi, há estímulos de consumo em vários setores. Além disso, a redução da taxa básica de juros e a recente revogação de medidas de restrição ao crédito, pelo Banco Central, facilitam a tomada de empréstimos. Pesquisas do Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as vendas do comércio desaceleraram nos últimos meses, por causa das restrições ao crédito, mas que seguem bem acima das verificadas há um ano.

Segundo a Serasa, pequeno recuo na inadimplência registrado em outubro se deveu à quitação de dívidas de cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadoras de serviços como telefonia, energia e água. Esse tipo de dívida caiu 2,8%, enquanto as bancárias diminuíram 2,7% em relação a setembro.

Em Foz do Iguaçu, alguns comerciantes sentem o impacto do aumento das dívidas. A analista de crédito Rute Macedo, da Casas Ajita, diz que neste ano houve crescimento expressivo na inadimplência – algo em torno de 20% a 25% em relação ao ano passado. Apesar do crescimento, ela espera que a situação comece a se reverter com a entrada do 13.º salário, porque a empresa está aberta para negociar as dívidas.

Desequilíbrio

Para Reinaldo Domingos, presidente do Instituto Dsop de Educa­ção Financeira e autor do livro Livre-se das Dívidas, as dívidas do consumidor tendem a continuar crescendo. "Enquanto houver facilidade de crédito e ausência de educação financeira, a consequên­cia é o aumento do desequilíbrio financeiro. Por isso, haverá cada vez mais pessoas devolvendo imóveis e bens." Domingos diz que os principais prejudicados com a inadimplência serão lojistas, financeiras e operadoras de cartão de crédito. "Ficará mais arriscado para quem vende", diz.

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