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“O atual ciclo recessivo da economia exigia um corte mais substancial da Selic” diz Armando Monteiro Neto, 
presidente da CNI, ao comentar a redução na taxa básica de juros. | Fabio Rodrigues
“O atual ciclo recessivo da economia exigia um corte mais substancial da Selic” diz Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, ao comentar a redução na taxa básica de juros.| Foto: Fabio Rodrigues

Empréstimos

Bancos seguem BC

Acompanhando a redução da taxa Selic, vários bancos anunciaram ontem corte nos juros praticados em diversas modalidades de empréstimos. As reduções, no entanto, foram bem tímidas perto das taxas cobradas no mercado. O cheque especial do Itaú, por exemplo, ficou 0,08 ponto porcentual mais barato no mês – passando de 151,6% ao ano para 150,7% ao ano, aproximadamente. Bradesco e Caixa Econômica Federal também anunciaram medidas semelhantes em várias modalidades de crédito.

Ao mesmo tempo em que o mercado e o setor produtivo comemoram mais um ponto da reivindicada redução da taxa Selic, o governo se aproxima da difícil tarefa de mudar as regras da caderneta de poupança. Uma das opções estudadas pelo governo seria cobrar imposto pelo lucro obtido com a poupança, assim como ocorre em outras aplicações. Porém, economistas ouvidos pela Gazeta do Povo dizem que taxar a aplicação mais tradicional do país seria uma medida impopular demais, especialmente com vistas às eleições de 2010.

"Isso é temerário porque mexe com as aplicações de muitas pessoas. Politicamente, seria desastroso. A encrenca é grande o suficiente para o governo não assumir a decisão sozinho", diz o professor de economia da UFPR Jackson Sandrini.

A diminuição da Selic reflete automaticamente na rentabilidade de diversas aplicações financeiras – entre elas os fundos pré-fixados baseados em títulos públicos, dos quais o governo depende para rolar sua dívida. A cada passo em que a taxa básica caminha para apenas um dígito, esses fundos do governo continuarão perdendo atratividade em relação à poupança. Dessa maneira, o horizonte mostra o governo pegando empréstimos externos para financiar seus projetos, o que seria um entrave ao crescimento econômico.

O professor de matemática financeira da Estação Business School/Ibmec, Antonio Carlos Bellio, concorda que o governo está buscando uma solução, mas acredita que a decisão não é tão urgente. Para ele, não é a Selic em 10,25% que vai causar uma migração de aplicações – pelos próximos 40 dias as duas modalidades ainda estarão em empate técnico. "O que preocupa o governo não é a poupança da pessoa física, que tem suas economias aplicadinhas ali, mas sim os bilhões de reais que podem ser mexidos pelos grandes investidores", diz. Por isso, segundo Bellio, o governo ainda tem até a próxima reunião do Copom – daqui a 45 dias – para definir sua estratégia.

Segundo Sandrini, uma possibilidade de que o governo dispõe é mudar a capitalização da poupança de mensal para trimestral, como na época da hiperinflação, ou até mesmo semestral. Com isso, diminuiria muito sutilmente a rentabilidade, mas também a liquidez da aplicação. Bellio, por sua vez, citou a diminuição gradativa da Taxa Referencial (TR), que compõe a fórmula da poupança. "Qualquer alteração abre margem para desequilibrar a carteira de investimentos do país, que é uma das mais equilibradas do mundo e que está ajudando o Brasil a superar a crise mundial", salienta.

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