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Satélites

Amazon agora quer lucrar com dados que vêm do espaço

Amazon vai utilizar satélites de uma empresa que fornece para as forças armadas dos EUA para vender serviços de processamento de dados

 | NASA/JHUAPL
(Foto: NASA/JHUAPL)

Nos últimos anos, a Amazon.com ultrapassou suas raízes de e-commerce para plantar sua bandeira na computação em nuvem e no entretenimento. Agora, está de olho em um mercado emergente: dados que vêm do espaço.

Em uma conferência em Las Vegas (EUA) no final do mês, a empresa anunciou uma nova unidade de negócios chamada AWS Ground Station. A marca está focada em processar os fluxos massivos de dados que são enviados todos os dias por satélites á Terra.

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Em vez de construir suas próprias antenas parabólicas e estações terrestres, a Amazon intermediou um “acordo comercial estratégico de vários anos” exclusivo com uma empresa que fabrica e opera satélites para as forças armadas dos EUA, a Lockheed Martin.

O objetivo, dizem os executivos, é tornar mais barato para as empresas o acesso ao espaço. “Achamos que este é um suporte que reduz significativamente os custos de entrada para as empresas, especialmente startups e universidades”, disse Rick Ambrose, que dirige o negócio espacial da Lockheed Martin.

A Lockheed Martin, que obtém a maior parte de sua receita do governo, fez grandes esforços para se posicionar como uma corporação inovadora em tecnologia nas indústrias de defesa e em produtos aeroespaciais.

A Amazon Web Services cresceu a partir das operações de retaguarda da Amazon.com, antes de vender seu serviço para empresas e organizações governamentais. Inesperadamente, a Amazon Web Services se tornou a unidade com crescimento mais rápido dentro da Amazon e está tentando expandir seus negócios com as agências de defesa e inteligência dos EUA.

Os serviços de armazenamento de dados da Amazon serão integrados à rede mundial de antenas da Lockheed Martin, denominada Verge. Ambrose, da Lockheed, se recusou a descrever os termos específicos do relacionamento comercial das duas empresas, se limitando a dizer que “ambas compartilhamos os benefícios econômicos”.

As duas empresas estão tentando atrair uma indústria crescente de voos espaciais comerciais. A SpaceX está trabalhando para lançar mais de 10 mil satélites na órbita baixa da Terra, com o objetivo de fornecer acesso de alta velocidade à internet para cantos remotos do planeta. Uma empresa financiada pelo Softbank chamada OneWeb está planejando um empreendimento similar.

Mercado de mini-satélites

Enquanto isso, várias startups já estão encontrando maneiras criativas de monetizar satélites. A empresa de pesquisa de mercado Bryce Space and Technology estima que as empresas espaciais atraíram US$ 13,9 bilhões dos investidores desde 2000. As startups são possibilitadas por satélites menores, conhecidos como “CubeSats”, que podem ser tão pequenos quanto caixas de sapatos.

Entre as startups, está inclusa a DigitalGlobe, uma empresa de imagens por satélite que abriu o capital em 2009, e anunciou publicamente assinatura de contrato para usar o serviço de estação terrestre da AWS. Outra empresa de olho neste mercado é a HawkEye 360, que quer usar uma rede de pequenos satélites para rastrear oleodutos ilícitos em todo o mundo.

Como os satélites menores tendem a circundar o planeta mais próximo da atmosfera na “órbita baixa da Terra”, eles podem passar apenas por uma antena parabólica individual ou estação terrestre por alguns minutos de cada vez. Construir a capacidade de capturar dados desses satélites enquanto eles carregam a sobrecarga é extremamente caro, algo que dificulta que as startups continuem no jogo.

“É muito difícil para uma startup dispor do dinheiro necessário para construir o CubeSats”, disse Brian Weeden, especialista em operações espaciais da Secure World Foundation, uma organização sem fins lucrativos.

Aluguel do espaço

A Amazon e a Lockheed esperam diminuir essa carga operando uma rede global de estações terrestres e a alugando para organizações de todos os tipos. A Amazon entra em jogo com sua rede global de data centers e a capacidade de processamento possibilitada por seus complexos algoritmos de computação em nuvem. Já a Lockheed possui uma extensa rede de estações terrestres de satélite, cortesia de seu negócio espacial financiado pelo governo.

O presidente-executivo da AWS, Andy Jassy, disse em uma conferência na semana passada que o serviço Ground Station reduziria o tempo necessário para transferir dados de um satélite para um data center de “uma questão de horas ou dias a uma questão de segundos”.

“É apenas hoje com o poder da computação em nuvem que podemos obter a velocidade de processamento para isso”, finalizou Ambrose, da Lockheed.

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