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Mario Monti (à esquerda) recebe de Berlusconi o sino usado pelos primeiros-ministros para iniciarem reuniões de gabinete | Stefano Rellandini/Reuters
Mario Monti (à esquerda) recebe de Berlusconi o sino usado pelos primeiros-ministros para iniciarem reuniões de gabinete| Foto: Stefano Rellandini/Reuters

Novo premiê italiano acumulará pastas

Das agências

O economista Mario Monti, 68 anos, tomou posse oficialmente como primeiro-ministro da Itália na tarde de ontem, em cerimônia comandada pelo presidente Giorgio Napolitano. Monti formou um novo governo, cujo objetivo principal será resgatar a Itália da crise da dívida e evitar o colapso econômico. "Boa sorte na difícil missão", disse Napo­li­tano, desejando sucesso a Mon­ti e aos 16 ministros que tomaram posse hoje – o premiê acumulará a pasta da Economia.

A cerimônia encerrou formalmente o terceiro governo de Silvio Berlusconi, iniciado em 2008. O magnata de 75 anos entregou a Monti um sino, que todos os chefes de governo na Itália usam para iniciar as reuniões do gabinete de ministros. Os ministros de Monti são quase todos técnicos. Corrado Passera, ex-executivo do banco Intesa Sanpaolo, foi nomeado "superministro" da Infraestrutura e dos Transportes.

O novo gabinete deverá adotar medidas urgentes para im­­pulsionar a estagnada economia italiana e reduzir o enorme en­­di­­vidamento de 1,9 trilhão de euros do governo. As autoridades da União Europeia e os economistas pressionam Roma a adotar uma série de medidas, inclusive flexibilização das leis trabalhistas, consideradas rigorosas, e do custoso sistema previdenciário.

Isso não será fácil. Durante décadas, governos italianos sucessivos tentaram (e fracassaram) mudar o status quo no país, minados por interesses profundamente entrincheirados e as constantes lutas sectárias entre as facções políticas italianas. Os economistas esperam que Monti, devido ao fato de não estar envolvido profundamente com nenhum partido ou facção, será capaz de conduzir essas mudanças.

Grécia

O novo governo de coalizão da Grécia conquistou ontem, com ampla maioria, o voto de confiança do Parlamento. A moção foi aprovada por 255 deputados e rejeitada por 38 de um total de 300 parlamentares, dos quais 293 participaram da votação. A aprovação garante o apoio folgado ao novo governo, formado por três partidos – socialista, conservador e ultradireita – e designado na semana passada sob a pressão dos credores da Grécia.

O voto de confiança representa também um apoio à promessa do novo primeiro-ministro, Lucas Papademos, de acelerar as reformas de longo prazo exigidas para garantir um acordo sobre o plano de resgate do país, que está à beira da falência. A Grécia terá agora de definir mais medidas de austeridade e reformas para reduzir o gasto público, como lembrou o próprio Papademos na terça-feira.

Diante da possibilidade de novos cortes por parte do governo, os sindicatos seguem com suas mobilizações contra a estratégia de austeridade. On­­tem, os sindicalistas da companhia estatal de eletricidade (DEH) cortaram o fornecimento de luz do Ministério da Saúde, por dívida de 3,8 milhões de euros, em protesto contra a decisão do governo de cortar a energia das casas que não pagaram o imposto imobiliário aprovado recentemente.

A opinião dos especialistas quanto ao ambiente econômico no Brasil teve, em outubro deste ano, a pior avaliação desde a crise em 2009. Calculado trimestralmente em uma escala que vai até 9 pontos, o Índice de Clima Eco­nômico (ICE) do Brasil foi de 4,8 pontos no mês passado, o menor desde janeiro de 2009 (3,9 pontos), segundo a economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Lia Valls.

A técnica observou que, na comparação com 2009, as expectativas dos analistas quanto ao Brasil estão, atualmente, próximas às projeções apuradas naquela época. "No entanto, a avaliação da situação atual brasileira hoje é muito mais favorável do que era em 2009", acrescentou a especialista. No caso do Brasil, Lia comentou que as expectativas dos analistas quanto ao país, dentro do ICE, apresentaram sinais de piora a partir do fim de 2009. Mas o pessimismo só se fortaleceu a partir de abril deste ano, quando o ambiente de turbulência externa, originada na Europa, começou a se intensificar.

O cenário negativo causou redução nas projeções de crescimento econômico brasileiro e aumento nas estimativas de inflação. De outubro de 2010 para outubro de 2011, as previsões dos analistas de aumento para o PIB do Brasil nos próximos três a cinco anos diminuíram de 4,6% para 3,8%. Ao mesmo tempo, de julho para outubro deste ano, saltou de 6,1% para 6,4% a estimativa de inflação no país para 2011, entre os analistas.

América Latina

A situação brasileira não difere muito do que ocorreu com a avaliação dos dez outros países latino-americanos analisados para o cálculo do ICE latino-americano, que também recuou – de 5,6 pontos para 4,4 pontos de julho para outubro, o pior nível desde julho de 2009 (4,0 pontos). Lia lembrou que a economia latino-americana não é imune ao quadro de deterioração das perspectivas da economia europeia, que se intensificou no terceiro trimestre deste ano. "Em outubro deste ano, não tivemos nenhum país em fase favorável em outubro de 2010. Ou as economias estão em declínio ou em recessão", acrescentou.

Ao comentar os resultados do ICE, divulgados ontem pela fundação em parceria com o instituto alemão IFO, a especialista alertou que o desempenho mostrado em outubro possui "resistência à reversão": as condições estão em tal estado negativo que seria necessária uma sucessão de boas notícias para a recuperação sustentável. "É preciso um fator novo para reverter estas expectativas. E isso não está acontecendo, nem no front doméstico, nem no front externo", salientou.

DisciplinaUE quer mais poder para pôr países na linha

Folhapress

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou ontem que há planos para que a União Europeia (UE) intervenha nos orçamentos nacionais e suspenda o direito de votos dos países que não respeitem as recomendações de disciplina fiscal, assim como a criação de mecanismos como o eurobônus (um título bancado por todos os membros do bloco).

Segundo o jornal espanhol El País, o reforço dos poderes da UE tem como objetivo oferecer ferramentas a mais para o combate da crise que assola a região. Os eurobônus ajudariam a reduzir os juros exigidos de países em dificuldades, como Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha.

Durante debate para estudar possíveis formas de alcançar tal medida sobre a coordenação das políticas econômicas dos Estados membros, Van Rompuy anunciou que apresentará já em dezembro um primeiro esboço da proposta à cúpula de líderes europeus da zona do euro. O objetivo do presidente do conselho é que as medidas – que, segundo ele, poderiam exigir uma reforma do tratado da UE – sejam aprovadas definitivamente em março ou junho de 2012.

José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, defendeu que "reforçar a governança econômica também é reforçar a UE". Barroso ressaltou que se faz necessário mais comprometimento por parte de todos os países, já que a crise se tornou "sistêmica", afetando todo o bloco. "Estamos de fato enfrentando uma verdadeira crise sistêmica que requer um comprometimento maior por parte de todos e que pode exigir medidas adicionais importantes", afirmou.

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