O desmonte de aplicações de investidores internacionais em moedas de alto rendimento (aquelas em que os mercados pagam juros mais altos) está afetando com mais força a América Latina. Só nos últimos dois dias, além da queda de quase 13% do real, os pesos do México e da Colômbia foram duramente atingidos, com perdas acima de 8% cada. O real acumula depreciação superior a 30% em relação ao dólar nos últimos 30 dias. A explicação, novamente, está nos juros mais atrativos que foram oferecidos aos investidores estrangeiros nos últimos anos.
Problema transitório
O real, lembrou o estrategista de um banco alemão, foi um dos grandes beneficiados pelos fluxos de "carry trade" recentemente. Esse tipo de operação, que basicamente significa tomar empréstimos com juros baixos e aplicar os recursos numa divisa que renda mais, fez o real apreciar-se até R$ 1,5620 por dólar no fim de julho deste ano. De qualquer forma, avalia esse estrategista, o real a R$ 2,20 por dólar reflete um desequilíbrio transitório de crédito e não eventuais problemas de solvência do país. "De forma geral, o balanço de pagamentos da América Latina é bom", elogia o analista.
Oriente Médio
No Oriente Médio, os investidores que apostavam há meses nas moedas regionais baseados na expectativa de revalorização estão agora de saída desses países. A explicação é que as chances de alta das moedas do Golfo a maioria delas atreladas à divisa norte-americana estavam sustentadas num dólar cada vez mais depreciado frente ao euro. Com a taxa de câmbio do euro recuando de 1,60/US$ para cerca de 1,35/US$, essas economias tiveram os problemas de superaquecimento e choque de commodities resolvidos sem a necessidade de apreciar suas moedas.
Nesse novo ambiente, os fluxos de capitais especulativos passaram a ser subitamente de retirada. Para se ter uma idéia do impacto abrupto desse movimento, o banco central dos Emirados Árabes Unidos foi obrigado a injetar cerca de US$ 13,6 bilhões no mercado local há poucos dias para reduzir as pressões no mercado interbancário do país.
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