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Aviões da American no aeroporto de Chicago: empresa realiza 3,3 mil voos diários em mais de 50 países | Frank Polich/Reuters
Aviões da American no aeroporto de Chicago: empresa realiza 3,3 mil voos diários em mais de 50 países| Foto: Frank Polich/Reuters

Lá e cá

Confira como será o processo pelo qual a American Airlines passará agora, e suas semelhanças com a legislação brasileira:

Recuperação judicial

-> O "Chapter 11" – ou capítulo 11 – da Lei de Falências norte-americana é o equivalente à recuperação judicial no Brasil.

-> Nos dois países, o objetivo é recuperar a empresa através da renegociação de suas dívidas, com mudanças de datas e valores.

-> É uma última chance para que a empresa não vá à falência (no Brasil) ou Chapter 7 (nos EUA).

Como funciona

-> A empresa que pede a recuperação judicial declara o que deve e a quem; quais dívidas já estão vencidas e quais irão vencer; quais as garantias dessas dívidas; como pretende pagá-las e quais os ativos que tem ou que receberá.

-> Os credores formam um comitê para "fiscalizar" a atuação dos administradores da empresa em recuperação. No caso americano, esse comitê de credores é composto, normalmente, pelos sete credores que têm mais a receber da empresa e não têm suas dívidas garantidas.

-> Nos dois países, a empresa também se beneficia do fato de todos os processos em curso cobrando dívidas vencidas e ainda não quitadas serem suspensos.

-> A empresa pode continuar operando, já que a ideia é dar chances para que ela sobreviva.

-> Se ao fim do prazo de recuperação concedido pela Justiça a empresa estiver financeiramente saudável, o juiz decreta o fim da recuperação e ela volta a operar normalmente. Se não, ele decreta a falência (no Brasil) ou o fim de suas operações de acordo com o Chapter 7 (nos EUA).

Perfil

A AMR controla as empresas American Airlines e American Eagle.

-> Voos diários: 3,3 mil, para 260 aeroportos em mais de 50 países.

-> Empregados: 78 mil.

-> Prejuízo líquido: US$ 884 milhões nos nove primeiros meses de 2011, contra US$ 373 milhões no mesmo período de 2010.

-> Ativos da companhia: US$ 24,7 bilhões.

Números

83,95% foi a queda nas ações da AMR, controladora da American Airlines, na Bolsa de Nova York. Os papéis da companhia terminaram o dia negociados a US$ 0,26. A American Airlines foi a única grande companhia aérea dos EUA que não teve lucro no ano passado.

4 grandes companhias aéreas norte-americanas, antes da American Airlines, já passaram por processos de concordata nos últimos anos: United Airlines, US Airways, Delta e Northwest. A United ficou no regime especial entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2006; o número de funcionários caiu 30% e a frota, 20%.

A empresa controladora da companhia aérea American Airlines (a terceira maior dos Estados Unidos), a AMR Corpo­ration, pediu concordata ontem para reestruturar suas atividades. No entanto, a medida não vai afetar o dia a dia do consumidor, assegura a companhia. Segundo comunicado divulgado pela empresa, não haverá cancelamento de voos e a venda de passagens continua, sem previsão de suspensão. Seu programa de milhagem, o AAdvantage, que tem 67 milhões de membros – sendo 1,6 milhão no Brasil – também está mantido.

"A American Airlines está operando seus voos dentro da programação, honrando suas passagens e reservas como de costume, e também executando reembolsos e trocas normalmente. O programa de fidelidade não será afetado. A American continua fazendo parte da aliança Oneworld e todas as parcerias de compartilhamento de voos continuam, possibilitando aos seus clientes ganhar e resgatar suas milhas em opções convenientes de voos no mundo todo", diz o comunicado. "Os clientes da American são sempre nossa prioridade máxima e podem continuar a confiar em nós", completa Thomas W. Horton, presidente da AMR, na nota.

No Brasil, a American tem acordo de compartilhamento de voos com a Gol. A empresa informou que seus planos de expansão no país estão mantidos. Hoje, a companhia voa para seis destinos (Rio, São Paulo, Belo Hori­zonte, Brasília, Salvador e Recife), a partir de três cidades americanas – Nova York, Dallas e Miami. Em junho de 2012, Manaus será incluída na lista.

A aposta no Brasil reflete a estratégia da empresa de crescer em mercados emergentes. Com 70 frequências (voos de ida e volta) entre EUA e Brasil, a companhia é líder no transporte de passageiros entre os dois países, com 31,9% do mercado, seguida pela TAM (29,7%). Em 2010, 3,2 mi­­lhões de passageiros embarcaram com destino aos EUA e vice-versa, segundo dados da Agência Nacional de Aviação (Anac). Apesar de a AMR assegurar que nada mudará para os consumidores, a diretoria de fiscalização da Fundação Procon-SP notificou a American Airlines para que a empresa esclareça quais serão as consequências do pedido de concordata em suas operações no Brasil.

Disputas trabalhistas

Segundo o Wall Street Journal, a reestruturação durante um pedido de concordata de uma companhia aérea é bem menos dolorosa e perturbadora para os passageiros que para os credores, funcionários, aposentados, fornecedores, acionistas e até mesmo concorrentes da empresa. A American ficará menor, sem dúvida, e a redução dos horários de voos terá um impacto de longo prazo. No curto prazo, poderá mesmo haver uma "venda de concordata" para fazer com que os viajantes continuem comprando bilhetes da companhia.

As disputas com os sindicatos trabalhistas se tornarão mais intensas, com os trabalhadores sendo forçados a aceitar contratos que eles não aprovam. Isso poderá afetar o serviço que os viajantes recebem quando voam com a American Airlines. Mas, no longo prazo, a American deverá se recuperar da concordata com custos mais baixos, assim como ocorreu com a Delta e United Airlines.

Empresa teve prejuízo em 2010 enquanto rivais lucravam

Agência Estado

Por que a American Airlines pediu concordata após passar uma década tentando evitá-la? Porque a companhia não podia se dar o luxo de continuar perdendo dinheiro. No ano passado, a empresa foi a única grande companhia aérea norte-americana a ficar no vermelho. A AMR registrou um prejuízo líquido de US$ 471 milhões. A Delta teve um lucro líquido de US$ 593 milhões, enquanto a United reportou um lucro líquido de US$ 854 milhões. Esse ano deverá encerrar do mesmo jeito.

Os altos preços do petróleo afetaram acentuadamente os resultados da American. A companhia tem uma frota de aviões menos eficientes em consumo de combustível e o Tribunal de Falências poderá permitir que ela abandone mais rápido o arrendamento de aviões mais antigos, reduzindo sua programação de voos.

Mas os custos trabalhistas são a grande questão. A Delta, United e a US Airways usaram o Tribunal de Falências para forçar enormes concessões sobre salários, benefícios e regras trabalhistas para pilotos, comissários de bordo, mecânicos e funcionários em terra. Os sindicatos dos funcionários da American fizeram concessões à companhia em 2003, mas a em­­presa ainda tem os custos trabalhistas mais altos entre seus rivais.

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