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Fazenda de acerola orgânica da Amway em Ubajara (CE): concentrado de vitamina C é produzido no Brasil. | Divulgação
Fazenda de acerola orgânica da Amway em Ubajara (CE): concentrado de vitamina C é produzido no Brasil.| Foto: Divulgação

Maior empresa de vendas diretas do mundo, a Amway está fazendo uma nova tentativa para ser gigante também no Brasil. Os números que ela divulga indicam que o projeto vai bem, apesar da profunda recessão do país.

Na visão da companhia, que realiza uma convenção nacional de vendas em Curitiba neste sábado (9) e domingo (10), a crise está até ajudando.

A multinacional norte-americana executa, desde 2013, um plano de investimentos para desembolsar US$ 150 milhões na operação brasileira até 2019. O objetivo é chegar à marca de 1,1 milhão de revendedores no fim da década – a Natura, líder em vendas diretas no Brasil, tem 1,4 milhão.

Hoje cerca de 80 mil pessoas distribuem no país os produtos da Amway, que vão de itens de limpeza doméstica a suplementos alimentares. O objetivo da empresa é terminar 2016 com 150 mil. Mesmo alcançando esse número, ela terá de praticamente dobrar de tamanho a cada ano para superar a marca de 1 milhão até 2019.

O presidente da Amway no país, Odmar Almeida Filho, está confiante. “Em três anos muito difíceis para a economia brasileira, teremos triplicado o tamanho do negócio”, diz o executivo, em referência ao triênio 2014-2016. Ao fim de 2013, a Amway tinha 41 mil distribuidores no país.

Embora a empresa não revele valores, Almeida garante que o faturamento está crescendo na mesma proporção que o número de revendedores. Segundo ele, a recessão econômica, em vez de atrapalhar, está alimentando essa expansão.

Odmar Almeida Filho, presidente da Amway no Brasil: “Para nós, a crise é terreno muito fértil”Divulgação

“Em momentos de incerteza, as pessoas procuram um plano B, uma renda extra. E as empresas de venda direta oferecem uma excelente alternativa de renda complementar ou até principal”, diz.

“O espírito empreendedor do brasileiro continua muito vivo, e o que a Amway oferece é uma oportunidade de construir seu próprio negócio. Portanto, para nós, a crise é terreno muito fértil.”

Curitiba

A escolha de Curitiba para hospedar a convenção nacional da Amway – a empresa espera receber mais de 4 mil empreendedores no Espaço Unimed neste fim de semana – se deve à posição de destaque da cidade e do estado nos negócios da multinacional.

Dos 80 mil distribuidores da companhia no Brasil, quase 10 mil estão no Paraná, metade deles na capital. “As vendas em Curitiba mais que dobraram em um ano. A Amway adora Curitiba. E eu diria que Curitiba adora a Amway”, arrisca o executivo. Os maiores revendedores brasileiros da empresa, o casal Fábio e Sheyla de Souza, também moram na cidade, diz Almeida.

Crescimento vitaminado

A linha da Amway mais vendida no Brasil ainda é a Home, de produtos de limpeza. Mas a marca que mais cresce é a Nutrilite, de vitaminas e suplementos. Com expansão de 92% no ano passado, ela já representa 30% do negócio. O concentrado de vitamina C usado em suplementos da Nutrilite é produzido numa fábrica em Ubajara (CE), a partir de frutos cultivados na maior fazenda de acerola orgânica do mundo, que fica no mesmo município.

Empresa tem trajetória errática no Brasil

Com passagens por cargos de direção de empresas como Procter & Gamble, Telefónica, Dell e Grupo Estado, Odmar Almeida Filho era o executivo-chefe da Ipsos Research quando foi contratado pela Amway, no fim de 2012, com a missão de tocar o ambicioso plano de negócios da empresa.

Almeida rechaça comparações do momento atual da companhia no Brasil com as ondas de expansão e encolhimento que ela viveu no passado. A empresa desembarcou no país em 1991 e o início foi avassalador: em quatro anos, o número de revendedores chegou perto de 200 mil. Mas depois esse contingente encolheu, entre um e outro surto de crescimento.

O problema é que a estratégia de atrair pessoas para distribuir seus produtos, baseada na “remuneração multinível” – em que o revendedor ganha uma comissão sobre o que vende e também sobre as vendas dos distribuidores que recrutou – não tinha um catálogo de produtos à altura. Os itens à venda, “americanos” demais, não caíram no gosto dos brasileiros. A própria obsessão dos empreendedores em aumentar suas equipes também tirou foco das vendas em si.

Em mais de uma ocasião nas últimas duas décadas, executivos munidos de planos de reposicionamento admitiram erros do passado para então decretar que a Amway estava de volta ao páreo. O atual presidente garante que agora é para valer. “A empresa hoje é outra. Em 25 anos, mudou muita coisa”, diz. “Mudou o portfólio de produtos, mudou a capacidade de investimentos, mudou a capacidade de treinar distribuidores.”

Em 2015, treinamos mais de 20 mil pessoas sobre empreendedorismo, gestão de pessoas, de vendas, de marketing, de contabilidade. Somos uma das escolas que mais formam empreendedores no país.

Odmar Almeida Filho presidente da Amway no Brasil.

Distribuidor expulso

Mês passado, durante apresentação em uma reunião do WTC Business Club, em Curitiba, Almeida foi questionado sobre o desafio de manter a reputação da Amway à prova de desconfianças – a remuneração multinível faz com que empresas de vendas diretas volta e meia sejam associadas a esquemas de pirâmides financeiras.

“O primeiro passo é garantir que o distribuidor atue de forma ética. Minha primeira medida ao assumir foi expulsar o maior distribuidor do Brasil. Falava o que não devia, fazia promessas que não podia cumprir”, respondeu o executivo à plateia de empresários e executivos.

Diretor da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), Almeida diz que a organização rejeita empresas que não cumpram os critérios de ética do setor. “A remuneração multinível é moral, legal, ética e comprovadamente eficiente. E a ABEVD só aceita empresas que sigam preceitos éticos, de forma a coibir qualquer abuso”, diz.

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