Após o tombo de 2008, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) iniciou 2009 em ritmo forte. O Ibovespa, principal índice da bolsa, registrou perdas de 41,2% em 2008, no que foi seu pior ano desde 1972. Neste ano, a Bolsa já conseguiu subir 10,74%.
A retomada do mercado de ações fio puxada nos últimos dias por empresas que produzem commodities como petróleo, minério de ferro e aço. Para esses segmentos, o ritmo da economia chinesa será um ponto relevante para melhorar os preços das matérias-primas e ajudar a dar novo ânimo a papéis de empresas como Vale, CSN e Gerdau.
A Vale, a segunda maior companhia listada na Bovespa, reflete bem o atual cenário. Seu papel preferencial "A, que recuou 51,1% em 2008 na esteira da depreciação das commodities, registra alta de 18,2% neste ano.
As ações da Petrobras, que não registraram resultados animadores em 2008 com o enfraquecimento do preço do petróleo, também têm tido um bom começo de ano. A ação preferencial da companhia, a mais negociada no mercado doméstico, recuou 46,1% no ano passado. Neste ano, já subiu 11,2%.
Para 2008, a projeção do mercado é a de que a economia brasileira tenha crescido 5,6%. "A economia vai crescer menos agora, e empresas que dependem apenas do mercado interno terão dificuldades. Talvez o setor de construção, um dos mais punidos em 2008, consiga algum impulso com um esperado incentivo do governo. Esse segmento é um importante gerador de emprego e o governo está atento a isso, afirma Neves.
O pacote de ajuda do governo para a construção, que pode elevar o teto para o financiamento de imóveis de R$ 350 mil para R$ 500 mil, é um dos fatores que devem mexer com as ações de empresas que atuam no mercado interno. O setor de construção foi uma das decepções do ano passado os papéis de empresas do setor se depreciaram em 70,7% em 2008, segundo cálculo da Economática. A ação ON da Rossi Residencial, por exemplo, foi o papel do Ibovespa que mais caiu no ano, com perdas de 83,2%. Mas, na semana passada, ele disparou 27,24%.
Voo curto
A recente recuperação da Bovespa ainda não é uma tendência firme, pois o cenário para o ano ainda é de desaceleração acentuada. "As revisões negativas para o cenário econômico de 2009 continuam. Nem bem começamos o ano e já temos informações novas suficientes para revisarmos para baixo nossas estimativas para o crescimento de 2009, alerta Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "O crescimento do PIB de 2009 deve ser inferior a 2%, afirma a economista.
Analistas aconselham os investidores a não se empolgarem com a arrancada dos últimos pregões, pois nada mudou de forma radical no cenário internacional para promover uma inversão nas perspectivas para o ano. Os mais pessimistas alertam que o desemprego em alta no mundo rico levará a uma queda maior na atividade econômica, puxando para baixo o crescimento de países emergentes, como o Brasil. Assim, a recuperação da economia real viria apenas em 2010.
"O mercado está neste momento sem muitos parâmetros, rodeado de incertezas em relação ao que vai ocorrer com a economia mundial, afirmou Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores. "Com tantas dúvidas, o ideal é focar agora em ações de companhias e setores mais tradicionais. Não é a hora de pensar em ações de segunda linha.
