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Rio de Janeiro (AG) – Diretor de uma empresa de comércio exterior, Eduardo Martins padece com as 11 (sim, 11!) contas de e-mail que gerencia, a maioria de trabalho. Seguindo as conclusões da pesquisa da Symantec sobre a relação dos internautas com as mensagen eletrônicas, Eduardo se encaixaria na categoria "dependente". Mas também poderia ser classificado como "sobrecarregado" – usuário que é bombardeado por e-mails e encontra dificuldade para lidar com isso.

"Eu envio bastante, mas os que chegam são em maior número devido a contatos comerciais e leitores de meus blogs. Estou com 178 mensagens não lidas numa das caixas e pretendo lê-las em no máximo três dias", garante Eduardo.

Mesmo dando trabalho, o executivo continua obcecado pela tarefa de receber e enviar mensagens eletrônicas. Tanto que admite que, quando não consegue ter acesso ao e-mail (por falta de conexão, luz, etc.), sai em busca da lan-house mais próxima. "Já cheguei a pedir por telefone a um amigo para acessar de seu local e me ditar o conteúdo do e-mail. Com a devida troca da senha após a operação, é claro. Sou um verdadeiro adicto cibernético. Um infoescravo", confessa Eduardo.

Estresse é o primeiro grande impacto na vida dos "e-mail dependentes", mas há outros mais graves. Para as empresas, a perda de produtividade é uma dor de cabeça. "O e-mail é uma ferramenta de comunicação eficiente, mas muitas vezes substitui uma ferramenta mais coerente, como uma conversa, um encontro ou uma reunião. Mandar um e-mail para o colega que está do seu lado perguntando se ele quer almoçar com você é um mau uso do e-mail", afirma Christopher Cook, gerente de marketing da Symantec.

De acordo com a pesquisa realizada pela companhia, está aumentando a quantidade de tempo que os funcionários de empresas estão gastando com e-mail, mesmo que de trabalho. Dos 1.700 entrevistados, 52% gastam duas horas ou mais por dia enviando e recebendo mensagens; 15% gastam quatro horas por dia com a tarefa, num total de dois dias úteis por semana.

"A perda de produtividade está ligada à forma como a pessoa gerencia seu e-mail. Existe uma expectativa explícita de responder e ler na hora. A pessoa se sente obrigada a responder e isso gera um estresse. A pessoa fica tão estressada que isso acaba tendo um impacto em sua produtividade", diz Cook.

Para o empresário Daniel Aisenberg, o excesso pode atrapalhar. "Tenho mania de assinar listas de discussão e newsletter demais. São todas interessantes, mas não tenho como ler tudo. Aí, eu mesmo aumento a ansiedade gerada pelo excesso de informação. Como a gente mesmo contribui para aumentar o problema, né? E a tendência é ficarmos cada vez mais angustiados, porque a oferta de informação só cresce, enquanto a nossa capacidade de acompanhar...".

Angústia

Daniel tocou num ponto essencial da discussão: o excesso de informação provoca angústia. É o que confirma a psicanalista Ana Cláudia Vaz, para quem o vício de e-mail é um problema grave, embora recente. "A máquina intermedeia as relações humanas de uma forma penosa. Antes você tinha mais comparecimento. Agora, o e-mail dá a ilusão da proximidade. A compulsão por e-mail é uma tentativa de a pessoa mostrar que dá conta de tanta informação. As demandas crescem com muita velocidade e o sujeito não tem mais tempo. Com o passar do tempo, isso pode gerar efeitos", reflete.

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