A desoneração de impostos federais de todos os produtos da cesta básica, anunciada na noite desta sexta-feira pela presidente Dilma Rousseff, deve aliviar as pressões sobre a taxa oficial de inflação, dizem consultores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ameaçava romper o teto da meta do governo, que fixa em 4,5% a inflação anual com tolerância de dois pontos porcentuais.
"Com o IPCA de fevereiro em 0,60%, algumas projeções diziam que a meta (de inflação) iria estourar já em março. Era uma tendência de rompimento no curto prazo. Acho que (a desoneração) é o suficiente para não estourar em março", disse Rafael Cortês, economista da consultora Tendências.
O economista explica que a redução de 9,25% do PIS/Cofins sobre os alimentos representa entre 0,3 e 0,4 ponto porcentual no IPCA o que justifica a redução na pressão inflacionária. "Isso ajuda a inflação a correr mais próximo do centro da meta", comentou.
A desoneração dos produtos da cesta básica trará um alívio de 0,40 ponto porcentual para o IPCA, conforme o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
O governo alterou a lista de produtos do conjunto de itens básicos, utilizando como base a cesta do Dieese que tem 13 itens acrescentou mais seis produtos, inclusive de higiene e limpeza. Com isso, o impacto passa a ser de a partir 0,40 ponto porcentual. "Nós já desconfiávamos que a presidente fosse alterar a composição da cesta introduzindo produtos de higiene e limpeza na lista", afirmou o economista.
O cálculo do economista da LCA está condicionado ao repasse integral do desoneração do PIS/Cofins para os preços. Borges dá como quase certo que no segmento de carnes o repasse será integral. No começo do ano passado, o governo alterou a estrutura tributária do setor de forma que os açougues ganharam mercado dos setores de hiper e supermercados. "Agora, para recuperar market-share perdido pelos açougues, os hiper e supermercados deverão repassar a desoneração integralmente", estimou.
Taxa de Juros
Borges acredita que com essa desoneração da cesta básica, o Banco Central poderia até prorrogar uma eventual elevação da taxa básica de juros para controlar a inflação e desistir de um aperto monetário já em abril, como esperam alguns agentes do mercado. Borges avalia, no entanto, que o BC vai atuar mesmo assim para recuperar parte da credibilidade. Portanto, a redução do preço da cesta não será suficiente para evitar aumentos de juros neste ano.
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