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O dólar fortaleceu-se ante o real nesta segunda-feira (17), fechando no patamar de 2,16 reais pela primeira vez em mais de quatro anos, mesmo após o Banco Central atuar para conter o fortalecimento da divisa norte-americana. O dólar subiu 0,84% ante o real, a R$ 2,1661 na venda. É a cotação mais alta desde 30 de abril de 2009, quando fechou em R$ 2,182.

O BC voltou a intervir com a oferta de swap cambial tradicional --equivalente a venda de dólares no mercado futuro-- próximo ao fim do pregão, após o dólar acelerar a alta e atingir, na máxima do dia, 2,1781 reais. "O BC deveria ter entrado quando o dólar bateu 2,16 reais, porque se não fizesse, o dólar ia embora: batia 2,17 reais, 2,18 reais... O pessoal ia testar", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold, ressaltando, entretanto, que não é possível determinar um teto para a divisa.

A autoridade monetária vendeu 39,1 mil contratos da oferta de 40 mil contratos de swap cambial tradicional.

As últimas atuações do BC para segurar a alta do dólar ocorreram quando a moeda era negociada em torno de 2,16 reais, levando agentes do mercado a acreditarem que o BC não quer o dólar distante de 2,15 reais, com medo do impacto de um real depreciado sobre os preços.

No entanto, Trabbold classificou a intervenção desta segunda-feira como "tímida". "Ele só está operando no mercado futuro. Isso afeta o pessoal que faz hedge, mas acho que ele vai acabar vendendo no mercado à vista", emendou.

Em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta segunda-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a autoridade monetária poderá usar todos os instrumentos que dispõe para combater a volatilidade no mercado cambial.

Segundo analistas, o viés de alta do dólar verificado neste pregão foi motivado, principalmente, por operações com o objetivo de testar a tolerância da autoridade monetária à valorização do dólar. "Essa alta é realmente um braço de ferro entre o mercado e o BC", afirmou o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.

FED

No início do pregão, a alta do dólar foi limitada pelo sentimento de cautela antes da reunião do Federal Reserve, banco central nos Estados Unidos, que pode trazer sinais sobre o futuro do estímulo monetário no país. "O que vai pegar é o Fed na quarta-feira, então o pessoal está em compasso de espera", resumiu o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.

Declarações recentes de autoridades do Fed, incluindo de seu chairman, Ben Bernanke, alimentaram expectativas de que a autoridade monetária comece a reduzir o seu programa de estímulo diante de sinais de recuperação econômica no país. Se isso ocorrer, haveria diminuição na oferta de dólares nos mercados.

Tais preocupações, aliadas a problemas domésticos, levaram a uma mudança de patamar no câmbio em maio, que viu o dólar começar o mês cotado e 2,01 reais e fechar perto de 2,15 reais, nível visto até agora.

Essa inquietação também levava investidores a adotar uma postura de cautela. O giro financeiro nesta sessão ficou em 1,2 bilhão de dólares, segundo dados da BM&F. Em comparação, o volume médio diário desde o início do mês é de 2,5 bilhões de dólares.

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