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Depois de bater R$ 2,50 ao longo do dia, o dólar perdeu força e fechou em baixa nesta sexta-feira (3), em um dia marcado por forte instabilidade causada pelos rumos da disputa eleitoral no país. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com queda de 0,45%, a R$ 2,473. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 1,12%, a R$ 2,464. Na semana, o dólar à vista acumulou alta de 2,13% e o comercial avançou 1,99%.

Para analistas, o descolamento da moeda brasileira em relação a outras emergentes foi motivado pelo cenário eleitoral. Das 24 divisas mais importantes, apenas o real e o dólar de Hong Kong se valorizaram nesta sexta-feira (3) em relação ao dólar. "O dólar no Brasil operou no sentido contrário do que foi visto no exterior. Como o dólar já tinha subido bastante nos últimos pregões, o real acabou se valorizando nesta sessão", afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Segundo ele, o mercado reagiu positivamente à perspectiva de um segundo turno eleitoral com o candidato Aécio Neves (PSDB). "Essa semana foi peculiar, porque a Dilma [Rousseff, PT] mostrou que tem novas chances de ganhar no primeiro turno. Mesmo que o Aécio vá para o segundo turno, é preciso ver quais as verdadeiras chances de ele vencer", afirma.

Segundo pesquisa Datafolha, a candidata Dilma Rousseff (PT) tem 40% das intenções de voto no primeiro turno -o mesmo patamar dos dois últimos levantamentos. Já Aécio Neves conseguiu empatar com Marina Silva (PSB) na disputa pelo segundo lugar da corrida presidencial. A pessebista aparece com 24% das intenções de voto e o tucano, com 21%.

A sondagem do Ibope trouxe resultado parecido. Dilma aparece com 40% das intenções de voto, Marina tem 24% e Aécio, 19%.

Bolsa

A possibilidade de um segundo turno com o candidato Aécio Neves levou a Bolsa a subir pelo segundo dia seguido. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 1,91%, a 54.539 pontos. Na semana, porém, o índice caiu 4,67%. O volume financeiro no pregão foi de R$ 6,95 bilhões.

Dos 69 papéis que compõem o Ibovespa, 56 subiram e 12 caíram no pregão. Uma ação terminou o dia estável. "O mercado mostra bastante otimismo com a realização de um segundo turno. A alta de hoje [sexta, 3] esteve muito ligada ao fortalecimento do Aécio no segundo turno", afirma Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores. "No segundo turno os candidatos têm o mesmo tempo na TV, o que leva a um maior equilíbrio da oposição com a situação no sentido de apresentação de propostas", ressalta.

Entre as maiores altas no dia, as ações da Usiminas subiram 6,21%, a R$ 6,84. A Ternium anunciou na quinta-feira (2) a compra de 10,4% das ações ordinárias da Usiminas em poder da Previ.

Para a equipe de análise da Concórdia, "o aumento de participação da Ternium deverá elevar a disputa entre os acionistas pela obtenção de maior controle, o que poderá beneficiar a CSN, que detém participação relevante na concorrente e, por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), precisa se desfazer de suas ações".

Para a próxima semana, a perspectiva é de mais instabilidade na Bolsa, após o resultado do primeiro turno eleitoral. "Dependendo do que acontecer nas urnas, vai haver impacto de alguma forma na Bolsa. Mas ainda é muito difícil precisar o que vai acontecer", afirma William Araújo, executivo da equipe de análises da UM Investimentos.

Nos Estados Unidos, dados de emprego ajudam a reforçar a ideia de um aumento de juros por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano) no primeiro trimestre de 2015. O emprego cresceu mais do que o que previsto no país em setembro e a taxa de desemprego caiu de 6,1% em agosto para 5,9% no mês passado, a menor desde julho de 2008.

De acordo com dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta sexta-feira (3), foram criadas 248 mil vagas no mês, acima das 215 mil estimadas pelo mercado financeiro norte-americano.

Apesar do vigor mostrado pelo mercado de trabalho, a renda média dos trabalhadores caiu US$ 0,01 em setembro, para US$ 24,53 por hora. Em agosto, houve alta de US$ 0,08 (segundo dados revisados).

O dado é um dos que são levados em consideração pelo Fed ao elaborar sua política monetária. Com o aumento da criação de vagas e sinais de recuperação da economia americana, crescem as possibilidades de o Fed elevar os juros antes do previsto.

Um aumento da taxa de juros deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, que são remunerados pela taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes que aplicações em emergentes, provocando uma migração de recursos desses mercados de volta à economia americana. Tarcisio Rodrigues, diretor do Banco Paulista, afirma que esse cenário deve fazer com que o dólar suba mais em relação ao real nos próximos meses. "O patamar natural do dólar será em torno de R$ 2,50 a R$ 2,60. A desvalorização do real é iminente pela deterioração econômica. Mas a volatilidade atual está muito ligada à eleição", afirma.

O Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio e ofereceu 4.000 contratos de swap (equivalentes à venda futura de dólares). Foram vendidos 2.110 contratos para 1º de junho e 1.890 contratos para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 196,9 milhões.

O Banco Central vendeu nesta sessão a oferta total de 8.000 contratos de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) para rolagem dos contratos de novembro, em um total de US$ 392,8 milhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 13% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.

Metodologia

Em pesquisa paga pelo próprio instituto, o Ibope entrevistou 3.010 eleitores entre 29 de setembro e 01 de outubro em 205 municípios de todo o País. A margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, em um nível de confiança estimado de 95%. Ou seja, se fossem feitas 100 pesquisas idênticas a esta, 95 deveriam apresentar resultados dentro da margem de erro. A pesquisa foi registrada na Justiça eleitoral com o número BR-00942/2014.

A pesquisa Datafolha, encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S.Paulo, ouviu 12.022 eleitores em 433 municípios nos dias 1º e 2 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-00933/2014.

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