O governo praticamente enterrou a proposta de taxar as exportações de açúcar para forçar um aumento na produção de etanol. A hipótese, duramente criticada pelos usineiros, foi lançada depois que o preço do álcool combustível chegou a ser negociado praticamente no mesmo valor do litro da gasolina. O descarte da medida deve ser oficializado pela presidente Dilma Rousseff em maio.
O governo pretendia taxar a exportação de açúcar para garantir o aumento da produção de etanol. Com a oferta maior, a tendência seria a queda dos preços nos postos de combustíveis. Ao reavaliar a medida, o governo percebeu que a proposta poderia ser "um tiro no pé": o Brasil correria o risco de reduzir a venda de açúcar no mercado externo e ainda por cima não conseguiria baixar os preços do etanol.
Segundo uma fonte do governo envolvida nas discussões, o imposto cobrado nas exportações acabaria sendo repassado para os importadores, o que tornaria o produto menos competitivo no exterior. Isso poderia abrir uma janela no mercado internacional para a entrada de produtores de outros países, que atualmente não têm condições de disputar com o Brasil esse mercado. "Foi isso o que fez a Argentina no passado, e não deu certo", comparou a fonte.
A intenção de taxar as exportações de açúcar recebeu sérias críticas. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), chegou a afirmar que o governo escolheu o açúcar como culpado pela falta de álcool no mercado. "Depois de proporem a taxação do minério de ferro, agora querem taxar o minério branco", reagiu. Analistas já haviam alertado sobre os riscos de a taxação do açúcar não surtir os efeitos esperados. "Taxar a exportação brasileira de açúcar vai forçar o preço internacional e causar um problema ainda maior", ponderou Ricardo Corrêa, analista de energia da Ativa Corretora.
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