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O que era um mercado promissor se tornou um risco em Maringá. Após a geada no início deste semestre, o preço das frutas aumentou, minando o serviço de delivery de frutas, que cresceu nos últimos cinco anos. Das quatro empresas consultadas pela Gazeta Maringá, duas anunciaram que encerrarão as atividades, uma delas nesta sexta-feira (8), e as outras se mantêm no mercado. Neste serviço, frutas picadas e acondicionadas em potes são entregues a clientes que estão em busca de uma alimentação saudável, normalmente no ambiente de trabalho.

De acordo com o orientador de mercado da Central de Abastecimento (Ceasa) de Maringá, Alfredo Custódio, o aumento nos custos foi o grande vilão dessa derrocada no delivery de frutas. Os valores, nada doces, são derivados da devastação nas plantações ocasionada pela geada e agravada pelas chuvas de granizo, no início de agosto deste ano, em toda a região de Maringá.

Após um ano, o responsável pelo Mais Frutas Delivery decidiu que era hora de encerrar as atividades. Na manhã desta sexta-feira (9), Ricardo Fragali fez a última entrega. O empresário diz que o alto valor das frutas, principalmente neste semestre, limitou o lucro. "Há um ano, pagava cerca de R$ 14 em uma caixa de banana, hoje o valor quase triplicou", exemplificou. Dentro de 12 meses, a empresa, informal, conseguiu 250 clientes, que pagavam R$ 39 mensais. A entrega era feita diariamente, com duas frutas picadas e acondicionadas em um pote.

Uma outra fornecedora, que adotou o mesmo nome de uma empresa que fechou em Maringá no ano passado, Amigos da Fruta, também vai encerrar as atividades. Ela conta que trabalha apenas com a mãe e que o valor alto das frutas elimina qualquer margem de lucro. Grávida de cinco meses, ela pretende fazer a última entrega dos potes, cada um com duas frutas, em dezembro. A empresa também vive na informalidade.

Na contramão do mercado

Há, porém, empresário que desafia o cenário atual e garante que é possível lucrar com o delivery de frutas na cidade. O nome dele é Gustavo Jubin e ele começou nesse ramo há cerca de um ano, com o Koma Fruta, quando morava em Uberlândia (MG). A iniciativa deu certo e ele, que é maringaense, resolveu tentar o mesmo na cidade natal.

Ele conta que, antes de voltar, fez contatos com empresas maringaenses para apresentar o trabalho desenvolvido em Minas. "Cheguei a Maringá já com 20 clientes garantidos", lembra. Na sequência, o "homem fruta" investiu pouco mais de R$ 5 mil e, em dois meses, já havia recuperado o valor. Atualmente, tem 600 clientes diários, com mensalidade de R$ 45 cada para receber os potinhos com duas frutas diariamente. A empresa é formalizada.

Para atrair os novos e cativar os antigos compradores, ele trabalha com a assistência de uma nutricionista que prepara o cardápio com as frutas da estação. Segundo ele, se o cliente tiver alguma doença, pode tirar dúvidas com a profissional. "É preciso investir no diferencial. Qualidade a maioria pode ter, mas se não tiver algo que conquiste, o negócio não vinga."

Quando o cliente não gosta de alguma fruta, Jubin faz a substituição ou aplica um truque. "Muitas pessoas não gostam ou acham o melão sem graça. Para mudar isso, jogo uma calda de maracujá e a fruta ganha outro sabor."

Pioneiro

De 2008 para cá, segundo o empresário Rodrigo Hellnan, vários empresários tentaram oferecer o serviço das frutas em potinhos em Maringá. Ele diz que, ao lado do pai, foi o primeiro a investir no ramo na cidade. Os dois são donos da empresa Armazém das Frutas, que abastece mercados e frutarias há mais de 20 anos. Há cinco, decidiram investir em outra forma de vender as frutas. Passaram a entregar duas frutas cortadas, lavadas e embaladas, aos funcionários de várias empresas.

Rodrigo Hellnan conta que levou algum tempo até se adequar ao novo negócio. No início, entregava as frutas com casca, apenas embaladas. No entanto, havia rejeição pela dificuldade em descascá-las. "Passamos a cortar [as frutas]. Os clientes aumentaram."

Como o delivery é atrelado ao negócio já existente da família, ele diz não enxergar dificuldade para mantê-lo. Hoje, atende cerca de 70 clientes de várias empresas com o serviço. "É preciso investir em qualidade e, vez ou outra, fazer um agrado para o cliente, como incluir frutas importadas."

Mudança nos hábitos alimentares

Quem recebe as frutas descascadas, limpas, embaladas e prontas para comer, garante que o valor investido compensa. A assistente comercial Ana Alice Corghi, 36 anos, confessa que não era adepta da alimentação saudável. Depois que começou a receber o delivery de frutas, mudou o próprio cardápio.

"Emagreci bastante nesse meio tempo e a inclusão da fruta no dia a dia foi o que me fez pensar no assunto", afirma. Juntamente das colegas de trabalho, ela abandonou os chocolates e os biscoitos.

Já a assessora judicial Caroline Mezzaroba, 37 anos, relata que não se preocupa muito com a alimentação. Ela mora com a irmã, longe dos pais, e dá preferência às comidas práticas. Para amenizar a ingestão de pratos industrializados, optou por fazer parte do grupo que consome, diariamente, as frutas, no Fórum de Maringá.

"Se depender de ir ao mercado para comprar, não vou. O delivery é prático e me deixa em paz com a consciência. pelo menos no caso das frutas", brinca.

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