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O início da colheita da cana-de-açúcar e a forte retração da demanda derrubaram os preços do álcool, e, depois de oito semanas de predomínio da gasolina, abastecer carros "flex" com o combustível vegetal voltou a ser mais vantajoso nos postos de Curitiba e do Paraná. Na semana passada, o litro do álcool foi vendido a uma média de R$ 1,68 na capital, o equivalente a 69% do preço da gasolina, cuja média foi de R$ 2,43, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Como o combustível de cana rende menos, estima-se que ele compensa quando custa abaixo de 70% do preço da gasolina – caso do Paraná e tambem dos estados de Goiás, Mato Grosso e São Paulo. Nas outras 23 unidades da federação, a gasolina ainda leva vantagem.

Nos últimos 30 dias, o litro do álcool recuou 22 centavos, cerca de 12%, em Curitiba. Uma queda expressiva, mas que ainda não reflete por completo o barateamento do combustível nas usinas produtoras. Conforme levantamento semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), nesse mesmo período o preço do etanol hidratado (usado nos automóveis bicombustíveis) caiu 26% nas destilarias paulistas e o do anidro (misturado à gasolina), 24%. "Enquanto distribuidoras ou postos ainda estiverem com estoques comprados por valores mais altos, vão vender por preços que mantenham suas margens. Por isso a queda na usina ainda não chegou totalmente ao consumidor", explica Adriano Silva Dias, superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar).

Dias atribui boa parte da queda ao início da colheita de cana. "Das 30 unidades produtoras do Paraná, 14 ou 15 já estão produzindo álcool da nova safra. E as que têm necessidade de caixa oferecem esse produto no mercado, empurrando os preços para baixo." O encolhimento da demanda também influenciou. As vendas de álcool despencaram 28% no país de janeiro para fevereiro, passando de 1,06 bilhão para 760 milhões de litros. "A migração do consumo de álcool para gasolina foi maior do que o próprio mercado esperava. Sobrou álcool, e essa sobra está sendo jogada no mercado agora", diz Roberto Fre­go­­nese, presidente do Sindi­com­bustíveis-PR, representante dos postos.

Gasolina

Por outro lado, afirma o dirigente, a queda dos preços da gasolina – que em um mês baixou 13 centavos (5%) em Curitiba – foi mais forte do que a realidade do mercado permitiria. "Há pressão de distribuidoras para que os postos vendam em determinado patamar, para que a gasolina ainda mantenha uma competitividade frente ao álcool. E, em determinados casos, apenas sonegação de impostos explica a mágica", diz Fregonese.

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