Depois do resultado ruim da produção industrial em janeiro, divulgado na semana passada, e às vésperas da reunião do Copom que vai decidir a taxa básica de juros, o mercado financeiro derrubou sua expectativa de desempenho da indústria e já trabalha com um resultado negativo para este ano. De acordo com a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, os analistas esperam uma queda de 0,04% na produção industrial em 2009. No levantamento anterior, a expectativa era de alta de 1,24%.
Com o resultado ruim esperado para a indústria, os analistas também revisaram para baixo a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - de alta de 1,5% para apenas 1,2% em 2009. Também houve redução na estimativa para a inflação deste ano, que passou de 4,66% para 4,57%, ligeiramente acima do centro da meta de 4,50% definida para 2009.
O resultado da pesquisa do BC, juntamente com a deflação medida pelo IGP-DI, influenciou o mercado de juros, que já passou a considerar a possibilidade de corte mais forte para a Selic, hoje em 12,75% ao ano. Os investidores já projetam nas negociações um corte de 1,25 ponto porcentual e as apostas em redução de 1,5 ponto porcentual ganharam força. Na Focus, que compilou as projeções dos economistas até a última sexta-feira, o corte de juros esperado para esta reunião do Copom é de 1 ponto porcentual.
A economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, explicou que o pessimismo do mercado com o desempenho da indústria neste ano reflete o resultado de janeiro. "O setor começa com um crescimento muito baixo na margem e tem um efeito de base de comparação muito alta, o que é uma combinação perfeita para um resultado ruim", afirmou Zeina.
Apesar disso, ela afirmou que a expectativa de desempenho próximo de zero no ano para a indústria revela que os analistas apostam em recuperação do segmento ao longo do ano, refletindo a flexibilização da política monetária em curso e o fim do ajuste de estoques que continuou ao longo de janeiro.
O ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, por sua vez, avaliou que a produção industrial pode ter um resultado ainda pior neste ano do que o previsto no levantamento da Focus. "Para haver uma recuperação importante da indústria no ano seria necessário um aumento nas encomendas a partir de março, mas isso não deve acontecer. Basta olhar o comércio. As liquidações continuam e tudo leva a crer que comércio não se livrou do estoque de início de ano e o crédito ainda está fraco. Não há motivo para esperar uma melhora razoável", disse Freitas, que lembrou que a queda no comércio mundial vai continuar pesando negativamente na indústria.
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