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Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

As ilhas de Tokelau, no Pacífico Sul, assistiram a enormes transformações na década passada. Alterações no clima deixaram os minúsculos atóis (área total de 10 quilômetros quadrados) vulneráveis a marés violentas e a ciclones, e porções de terra foram simplesmente perdidas para o oceano. Tradicionalmente, os ilhéus viviam da pesca do marlim e do hahave (peixe voador), mas nos últimos anos muitas espécies de peixe desapareceram, talvez devido a mudanças nos padrões do clima.

Mas não foi só o tempo que mudou. Os jovens de Tokelau costumavam nadar e surfar no seu tempo livre, e jogavam uma versão local do críquete, chamada "kilikiti". Hoje, eles provavelmente estão "baixando" músicas ou atualizando suas páginas no MySpace ou no Bebo (sites de relacionamento, como o Orkut).

Nada disso seria possível há seis anos. Naquele tempo, a maior parte das comunicações de Tokelau se davam via rádio, embora houvesse uma rede básica de telefonia e acesso à internet à velocidade de 9,6 kbps. Tudo mudou em 2001, quando o holandês Joost Zuurbier visitou Tokelau com uma proposta: ele pagaria a população para vender endereços na internet com o sufixo que identifica Tokelau, o .tk. "O site Hotmail acabava de ser vendido por uma fortuna, baseando-se na idéia de fornecer email grátis às pessoas. Eu estava convencido de que havia uma oportunidade para um negócio similar com endereços web gratuitos, apenas precisava encontrar um país que não estivesse usando o seu domínio."

Tokelau era a escolha perfeita porque não tinha nenhuma estrutura em tecnologia de informações. Os líderes locais concordaram, mas Zuurbier gastou mais cinco anos para convencer a Corporação Internacional para Atribuição de Nomes e Números (Icann na sigla em inglês, é a organização responsável por definir os domínios na rede) de que o acordo era legal.

"Foi ridiculamente difícil", afirma Zuurbier. Primeiro, sua empresa teve de criar uma joint venture com os toquelauanos, dando a eles uma parcela dos lucros. Depois a Icann insistiu em uma reunião com os anciãos que governam Tokelau para verificar se o contrato era real. Finalmente, a Icann argumentou que os servidores tinham de estar localizados nas ilhas – à época, Tokelau praticamente não dispunha de qualquer infraestrutura de comunicações e a energia de geradores era desligada por volta da meia-noite.

Quando o negócio foi concluído, os anciãos toquelauanos formaram a Teletok para administrar seus novos sistemas de TI. Os ingressos cresceram rapidamente, e hoje respondem por 10% do PIB de Tokelau. O dinheiro foi investido em uma nova infraestrutura de comunicações para as ilhas, incluindo um serviço de internet de alta velocidade via satélite.

A decisão de usar as receitas para sustentar o acesso à internet foi popular. Vivem em Tokelau 1,6 mil pessoas, mas a população de toquelauanos morando fora do país é cinco vezes maior do que isso. Tokelau fica a 48 horas de barco de seu vizinho mais próximo , Samoa Ocidental – e o transporte só sai uma vez a cada duas semanas. De lá, são mais sete horas de vôo até a Nova Zelândia.

Para os jovens toquelauanos, a internet está abrindo um mundo novo. "Posso usar a rede para pesquisar projetos da escola e achar coisas que não encontro na biblioteca, mas na maior parte do tempo eu uso o Bebo", diz Lolo, de 13 anos. "Eu me mantenho em contato com tios e primos, inclusive alguns que eu nunca conheci pessoalmente."

Talvez o maior desafio seja simplesmente manter a nova tecnologia funcionando em um ambiente tão desafiador. "Nós temos furacões de vez em quando, então às vezes você constrói alguma coisa, volta no dia seguinte e ela se foi", diz Vitale.

Quaisquer que sejam os desafios, Ionata O’Brien, ministro dos transportes, energia e telecomunicações, está convencido de que a internet beneficia o povo de Tokelau. "Agora podemos saber como cuidar melhor de nossos filhos quando adoecem, ou ajudar nossos estudantes a melhorar sua aprendizagem. E isso é uma grande coisa."

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