• Carregando...
Sueli e Leandro administram juntos a Fabielle Malhas, que produz 200 peças por dia | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Sueli e Leandro administram juntos a Fabielle Malhas, que produz 200 peças por dia| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

No fim dos anos 70, Imbituva foi acometida pela febre da máquina para tecer. As donas de casa compravam o equipamento para ganhar um dinheirinho extra vendendo para as vizinhas. Esses pequenos negócios se proliferaram pela cidade, que chegou a ter mais de 100 malharias em meados dos anos 80. Nem todas sobreviveram à seleção natural do mercado nas últimas duas décadas – hoje são 42 fábricas, na maioria pequenas, que juntas empregam 700 pessoas e formam um arranjo produtivo local (APL).

Sueli Andrade foi uma das pioneiras das malhas. Começou com uma máquina manual, comprou uma maior, passou a empregar a família e hoje tem uma empresa, a Fabielle Malhas, que é administrada com ajuda do filho Leandro. Sueli ainda tem outras duas filhas que abriram suas próprias malharias. "Hoje temos três máquinas automáticas e nossa produção é 50% maior do que há cinco anos", conta Leandro. São 200 peças fabricadas por dia.

A mimetização de um negócio, como ocorreu em Imbituva, é uma das sementes de aglomerações industriais. Os primeiros empreendedores estabelecem um conhecimento que é acessível a seus vizinhos – isso inclui coisas simples, como as conexões com fornecedores de máquinas e matérias-primas, até o treinamento da mão-de-obra .

Um dos casos mais curiosos de mimetização ocorreu em Loanda. Há 28 anos, um empresário da cidade decidiu abrir uma fábrica de torneiras, a Imperatriz. Aparentemente, o negócio não tinha muita lógica econômica – afinal, Loanda fica longe dos grandes centros, não tinha fornecedores, nem tradição industrial. Mesmo assim, a produção de metais sanitários se espalhou. A sociedade original da Imperatriz se desfez e os sócios viraram concorrentes. Funcionários dessas primeiras fábricas também abriram empresas e a cidade virou um polo com 34 fabricantes.

"As empresas daqui atendem o país todo e tem uma que já exporta para países do Mercosul", destaca Roberta Cinara Gomes, que adquiriu a Imperatriz há alguns anos e é presidente do APL. As fábricas empregam 3 mil pessoas e já sentem falta de mão-de-obra especializada. "Uma das prioridades do APL é o treinamento. Da gestão ao chão de fábrica, falta gente treinada."

Outra origem comum para aglomerações é a vocação natural. No Sul do Paraná, os terrenos são próprios para o cultivo de pinus, matéria-prima que é beneficiada ali mesmo. Em União da Vitória e sua gêmea catarinense Porto União, a matéria-prima foi bem aproveitada por fábricas de portas e esquadrias.

Planejamento

Há uma categoria de aglomerações que são efeito de algum planejamento. Em Curitiba, há um APL especializado em software que tem uma de suas origens nas universidades. Elas deram treinamento e, em alguns casos, estimularam a abertura de empresas.

Ainda mais induzido foi o APL de equipamentos médicos e odontológicos de Campo Mourão. Ali, o empresário Ater Cristófoli abriu uma empresa em 1991. Como precisava de mão-de-obra especializada, criou uma fundação, a Educere, que oferece cursos técnicos e tem uma incubadora de empresas – são nove incubadas e três em fase de estruturação. "Mais de 400 alunos passaram pela escola. Parte deles conseguiu abrir negócios inovadores que hoje formam um APL."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]