Depois de se recusar na quarta-feira a informar quem acessou o Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, proibiu um dos coordenadores do órgão, responsável pela área de análise e previsão, a fazer uma avaliação econômica sobre os dados da arrecadação federal em junho. Apesar da marca recorde de R$ 379,491 bilhões no primeiro semestre, os números de junho apontam para uma desaceleração do ritmo de crescimento verificado nos meses anteriores.A entrevista da Receita para explicar o resultado da arrecadação em junho terminou em bate-boca e em clima de saia-justa depois que o coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise, Victor Lampert, alegou que não poderia dar explicações econômicas e fazer previsões para os dados por determinação de Cartaxo. "O secretário me orientou a não fazer isso", disse, acrescentando que Cartaxo deu a "pauta" do que ele poderia falar. "Não podem querer aqui que eu faça uma relação entre o comportamento da economia e a arrecadação", disse ele.
Questionado se a arrecadação em ritmo menor indicaria um nível de atividade menos intenso, como apontam economistas do próprio Ministério da Fazenda, Lampert respondeu que não, mas se recusou a avançar na análise. Confrontado com o fato de que seu cargo é responsável exatamente por analisar e prever a evolução das receitas, Lampert chegou a encerrar a entrevista prematuramente, levantando-se da cadeira e quase deixando o recinto, não fosse a intervenção da assessoria de imprensa do órgão.
Números
Em todos os meses do ano até maio, a arrecadação tinha sido recorde para o mês, mas em junho os R$ 61,488 bilhões arrecadados com impostos e contribuições federais ficaram abaixo do piso das previsões de instituições consultadas pela reportagem as projeções variavam de R$ 62,8 bilhões a R$ 66 bilhões, com mediana em R$ 64 bilhões. Mesmo assim, o resultado de junho teve crescimento real (acima da inflação pelo IPCA) de 8,54% sobre junho do ano passado e 0,61% ante maio deste ano.
A maior parte do aumento da arrecadação (R$ 12,880 bilhões) se deve a receitas maiores com Cofins e PIS. Esses tributos são considerados termômetros do ritmo da atividade econômica, porque incidem sobre o faturamento das empresas.
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