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Um dos maiores negócios fechados em 2010 foi o que uniu a brasileira TAM... | Jefferson Bernardes/AFP
Um dos maiores negócios fechados em 2010 foi o que uniu a brasileira TAM...| Foto: Jefferson Bernardes/AFP
  • ...à chilena Lan. A fusão entre as duas companhias foi estimada em R$ 14,4 bilhões
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Depois de perder ritmo nos últimos dois anos, as fusões e aquisições no Brasil voltaram com tudo e devem bater recorde em 2010. Levantamento mais recente, realizado pela consultoria Pricewa­terhouseCoopers, mostra que de janeiro a outubro foram realizadas 613 operações no país, 20% mais do que no mesmo período do ano passado.Se mantido o ritmo, o Brasil tem potencial para atingir 800 operações até o fim deste ano e superar os números de 2007, considerado o melhor da história do setor. A Região Sul deve representar, pelos cálculos da Price, 11% do total das operações.

A retomada reflete a combinação de pelo menos três fatores: o crescimento robusto do Produto Interno Bruto (PIB), a forte capitalização das empresas e a maior confiança na manutenção de um ambiente favorável para negócios para os próximos anos. Passada a ressaca provocada pela crise, os setores de tecnologia de informação, alimentos, mineração e serviços vêm liderando as operações neste ano.Um outro levantamento, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e que considera apenas transações acima de R$ 20 milhões aponta que os negócios totalizaram R$ 144,8 bilhões de janeiro a setembro desse ano. O volume já representa um recorde, mesmo em comparação com todo o ano de 2007, até então o de maior movimentação, com R$ 136,5 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento é de 21%.

Entre as maiores operações anunciadas este ano estão a compra da participação da Portugal Telecom (PT) na Vivo pela Telefônica, por US$ 18,2 bilhões, e a entrada da PT no capital da Oi, em uma transação avaliada em US$ 9 bilhões. O ano também foi marcado pelo anúncio da fusão entre a companhia aérea brasileira TAM e a chilena Lan, estimada em R$ 14,4 bilhões; a associação entre a Shell e Cosan, no volume de R$ 11,6 bilhões; e a compra da Burger King pelo fundo 3G Capital, por US$ 3,26 bilhões.

Os negócios em geral estão bastante pulverizados e envolvem diversos setores, segundo Ale­xan­­dre Pierantoni, sócio da Price. "Em­­bora tenham ocorrido negociações bilionárias, a maior parte das operações é realizada entre pequenas e médias empresas, com valor médio de US$ 60 milhões", afirma.

O aumento das transações é sentido pelas empresas que assessoram negócios. Entre o fim de 2008 e o primeiro semestre de 2009, oito negócios que estavam sendo acompanhados pela consultoria curitibana GO4! foram suspensos. A desconfiança gerada pela instabilidade da economia mundial e a redução dos recursos disponíveis fizeram minguar o interesse das empresas em adquirir concorrentes no mercado. "Desse grupo, apenas um negócio foi retomado. Mas nesse ano já surgiram quatro outras operações", afirma Christian Majczak, um dos sócios da empresa.

Fundos

De acordo com Pierantoni, da Price, os fundos de private equity – que compram participações minoritárias nas empresas para depois revendê-las – também têm tido uma atuação mais agressiva nas operações, interessados no potencial do mercado nacional no médio e longos prazos. Esses fundos participaram de 42% das operações deste ano. Em 2006, eles não representavam 11% do total. No ano, os setores de energia, transporte e logística, óleo, gás, tecnologia de informação e alimentos concentraram a participação dos private equity.

No total geral deste ano, as fusões e aquisições foram capitaneadas por empresas nacionais, que representaram 59% do total. Mas a participação do capital estrangeiro vem crescendo. Depois de ir ao fundo do poço em 2008, quando atingiu apenas 28% dos negócios, o investimento estrangeiro vem aos poucos recuperando espaço. Neste ano, acumula 41% de participação.

Com o crescimento mais tímido das economias desenvolvidas, o capital estrangeiro tem buscado aportar em mercados com grande potencial de desenvolvimento. Mesmo com o dólar encarecendo as empresas brasileiras, os estrangeiros estão interessados nos ganhos de médio e longo prazo.

Das operações registradas nesse ano, 54% envolveram aquisições de controle, mas as compras de participação de empresas também crescem e geraram 31% das operações.

Tendência

Para 2011, os analistas preveem que o movimento de fusões e aquisições deve se acentuar em segmentos como infraestrutura, óleo e gás e construção civil. Setores em que há uma disputa apertada entre os concorrentes, como o caso do varejo, devem manter a tendência de consolidação. "A aquisição é, antes de mais nada, uma forma de mitigar o seu concorrente e ganhar maior peso nas negociações com fornecedores", afirma Majczak, da GO4!.

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