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Quase todas as negociações salariais que ocorreram no primeiro semestre no Brasil resultaram em reposição da inflação ou ganho real, no melhor resultado obtido pelos trabalhadores em 10 anos de pesquisa. Nesse período, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) acompanhou 271 acordos e convenções nacionais. No Paraná, embora não haja dados regionalizados, o Dieese percebeu que as melhores campanhas salariais, com ganhos acima da inflação, foram feitas pelo setor gráfico, pelo varejo, pela indústria de fiação e tecelagem e por algumas categorias de servidores estaduais e municipais.

Na pesquisa nacional, 82% das negociações resultaram em aumentos reais, 13,7% apenas recuperaram as perdas com inflação e 4,4% não alcançaram a reposição inflacionária.

Um terço dos acordos acima da inflação concedeu até 1% de ganho real. Cerca de 45% garantiram entre 1% e 5% a mais e apenas 0,7% se situaram acima dos 5% de aumento real do salário.

Segundo o Dieese, vários fatores contribuíram para o bom desempenho das negociações. O principal é a expansão do mercado consumidor interno, estimulada pela maior oferta de crédito, pelo efeito dos programas sociais dos governos estaduais e federal e pelo impacto dos últimos aumentos reais do salário mínimo oficial.

Para os sindicatos de trabalhadores que lideraram as negociações, trata-se de uma vitória. "Mesmo com inflação baixa é difícil obter aumento real de salário", diz o economista do Dieese-PR, Sandro Silva. Ele lembra que a maior parte das negociações envolve pressões que podem chegar à greve.

"Além dos esforços empreendidos pelo movimento sindical na busca de ganhos salariais, o crescimento da economia nacional, embora ainda insuficiente para suprir as necessidades que se colocam, tem colaborado para a realização de negociações vantajosas para os trabalhadores nos últimos três anos", avalia o Dieese.

Para fazer o levantamento, o Dieese compara os reajustes com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acumulado nos 12 meses anteriores a cada data-base. Este é o índice mais usado nas negociações, e também corrige o salário mínimo e os benefícios previdenciários.

Outro fator de influência tem sido a baixa inflação após o Plano Real. No acumulado dos 12 meses anteriores a janeiro o INPC registrou 5% de alta. O número caiu para 2,75% no período que corrige os salários com data-base em junho. A menor influência da inflação na negociação permite ao trabalhador pleitear aumentos efetivos.

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