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As perspectivas para a inflação no Brasil se deterioraram desde a reunião de abril do Banco Central e tal movimento deve ser contido, disse o Comitê de Política Monetária em sua ata nesta quinta-feira, acrescentando que os riscos são essencialmente internos.

Para o Copom, o impacto da crise externa sobre os preços no Brasil é "ambíguo".

O mercado avaliou que o documento sugere manutenção do ritmo de aperto monetário por enquanto, mas que as decisões mais à frente podem ser amenizadas dependendo do cenário internacional.

"Não vemos na ata nenhuma sinal de que ele (BC) planeja mudar o ritmo em qualquer direção", afirmou o analista do Barclays Capital Guilherme Loureiro.

Na semana passada, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juro em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, para 10,25 por cento ao ano.

"O cenário prospectivo, a rigor, sofreu certa deterioração no início deste ano, uma dinâmica que teve continuidade desde a última reunião. Isso ocorreu independentemente de contribuições pontuais e sazonais para a elevação dos preços ao consumidor, bem como dos movimentos dos preços de alguns ativos domésticos", afirmou a ata.

"Os riscos para a consolidação de um cenário inflacionário benigno se circunscrevem essencialmente ao âmbito interno, por exemplo, os derivados da expansão da demanda doméstica, em contexto de virtual esgotamento da margem de ociosidade na utilização dos fatores de produção."

As projeções de inflação do Copom pioraram ligeiramente, segundo a ata, uma deterioração que "deve ser contida".

O Copom notou que o estreitamento do mercado de fatores decorre da aceleração dos ganhos reais de salários e de maiores pressões de preços ao produtor. "Com efeito, esses desenvolvimentos podem exacerbar um quadro que já evidencia a presença de descompasso entre o crescimento da absorção doméstica e a capacidade de expansão da oferta."

CRESCIMENTO INTERNO, DÚVIDAS EXTERNAS

Sobre a economia, o Copom avaliou que as perspectivas continuam favoráveis e que ela se encontra em um novo ciclo de expansão, acrescentando que ainda existem incertezas sobre o ritmo, que "deverão ser dirimidas ao longo do tempo".

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7 por cento no primeiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores e 9,0 por cento na comparação anual --maior aumento da série, iniciada em 1995.

Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil caminha para um crescimento mais equilibrado até o fim do ano.

Em relação ao cenário internacional, o BC disse que a aversão ao risco nos mercados aumentou desde a reunião anterior, mas que as perspectivas para o financiamento externo do Brasil continuam favoráveis.

A crise gerou queda de commodities e de ativos brasileiros, mas há pressões inflacionárias em algumas economias de fora.

"Nessa conjuntura, a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica se revela mais ambígua", afirmou a ata.

"O Copom avalia que esse cenário pode se deteriorar, a depender da dinâmica que tomar o quadro de desconfiança dos participantes de mercado em relação à solvência de algumas economias européias, mas, por outro lado, reconhece não ser esse o cenário central com que trabalha."

Com base nisso, a interpretação inicial do mercado é que de que a reunião de 20 e 21 de julho marcará nova elevação de 0,75 ponto da Selic. Mas para as reuniões seguintes, há dúvidas.

"A decisão de setembro estará mais condicionada aos desdobramentos da crise fiscal na Europa. A nossa avaliação é... que a situação na Europa continuará se agravando, com bancos locais acusando piora nos seus balanços, favorecendo assim uma redução no ritmo de aperto monetário para 0,50 ponto na reunião de setembro", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do CM Capital Markets.

Depois de julho, a próxima reunião do Copom será realizada nos dias 31 de agosto e 1o de setembro.

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