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A previsão de crescimento da economia e a demora de implantação dos projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de infra-estrutura de energia sinalizam um risco de até 32% de apagão elétrico em 2011. O cálculo é da consultoria PSR, em estudo feito para o Instituto Acende Brasil, que representa investidores privados do setor de energia.

A avaliação supõe um crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,8%, em uma situação que considera atrasos nas obras das hidrelétricas que estão em andamento e nas obras do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa). Em uma simulação que considera 4% de aumento no PIB e nenhum atraso em obras, o risco cairia para 16,5%. De acordo com o estudo, seria necessário adicionar 3,1 mil megawatts (MW) à geração de energia no Brasil em 2011, caso o PIB avance à taxa estimada de 5%.

As obras previstas no PAC para a infra-estrutura energética no Paraná podem contribuir com mais de um terço da energia apontada como necessária pelo relatório. A construção de seis novas usinas hidrelétricas no estado somariam 1,183 mil MW, com investimento total em torno de R$ 2,7 bilhões. No entanto, só a Usina de Mauá, no Rio Tibagi, é a que tem chances de se concretizar em breve, porque é a única com a construção prevista. A hidrelétrica de Telêmaco Borba ainda não teve o estudo de viabilidade aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Baixo Iguaçu, no trecho final do Rio Iguaçu, está em processo de licenciamento ambiental, e as usinas de Cebolão, Jataizinho e Volta Grande nem sequer têm projetos encaminhados à Aneel.

A ampliação da capacidade energética do país é um ponto crucial do PAC para sustentabilidade do crescimento da economia. Tanto que mais da metade (R$ 274,8 bilhões) do total de investimentos previstos no plano (R$ 503,9 bilhões) é para infra-estrutura energética. "Qualquer coisa que se deixe de fazer aqui afetará todo o país, porque o sistema é interligado. Isso também significa que, faltando energia no Sudeste ou no Nordeste, também faltará para o Paraná", lembra o especialista Ivo Pugnaloni, da Enercons Consultoria. Ele compara a situação à crise aérea. "No caso da energia, não será preciso um acidente para mostrar que quem alerta não está brincando", avisa.

Para Pugnaloni, há omissão da Aneel e do Ministério das Minas e Energias em relação ao temor de um novo apagão elétrico. "A área da agência encarregada de estudos energéticos é controlada politicamente, por adversários do atual governo." A falta de definição em relação às competências da legislação ambiental é um forte entrave ao andamento dos projetos. A legislação é um desafio previsto no PAC que ainda não foi sanado. No Paraná, projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) estão travados pelo governo estadual. "Isso é de competência da União. E quem acaba ganhando são os empreiteiros que estão com os projetos parados. Eles estão criando reserva de mercado. Quando este governo sair e os projetos forem liberados a energia já estará custando muito mais", avalia o consultor.

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