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Ingolstadt (Alemanha) – A Audi errou nas projeções feitas sobre o crescimento do mercado brasileiro de automóveis, admitiu o diretor de Vendas Brasil, Peter Englschall, a poucos dias do encerramento oficial da produção do A3 na fábrica de São José dos Pinhais, marcado para agosto. No balanço das atividades feito semana passada na sede da empresa, em Ingolstadt, na Alemanha, o executivo disse que o baixo volume de vendas provocou a redução crescente da produção, e inviabilizou a fabricação do veículo no Brasil. "A fábrica precisava de uma produção de 20 mil unidades por ano para ser rentável para a Audi e para os fornecedores."

A estatística da própria empresa mostra que os números nunca chegaram perto disso. Em 2001, seu melhor ano no país, a montadora construída em conjunto com a Volkswagen produziu 13.700 carros. De lá para cá, a curva se inverteu e em 2005 foram apenas 4.475 unidades do A3. Até junho deste ano, foram produzidas 1.501 unidades.

"Em 1996/1997, todo mundo queria ir para o Brasil e provavelmente todos cometeram erros de avaliação, porque o mercado brasileiro de automóveis não se desenvolveu como o previsto", afirmou o diretor, referindo-se a outras montadoras européias, como a Mercedes Benz e a Renault, que também não colecionam bons desempenhos no país.

O principal atrativo do Brasil naquela época era o câmbio. Com a paridade estabelecida pelo governo federal, cada real equivalia a 1 dólar. "Essa situação mudou e tivemos que aumentar os preços", disse Englschall.

Apesar do insucesso da produção brasileira, a empresa evita falar em frustração. "Não se pode falar de perdas. A fábrica continua existindo e é rentável", observou o diretor de vendas. Segundo ele, também não há demissões decorrentes do fim da produção do A3, porque os funcionários são os mesmos das linhas de produção dos veículos Volkswagen. Ele ainda nega que a decisão da Audi esteja relacionada ao plano de reestruturação anunciado pela Volks.

"Preferimos entender que o copo está meio cheio, e não meio vazio", reforçou o diretor de comunicação corporativa e financeira, Jürgen De Graeve. "Obtivemos muita experiência com o Brasil e ele continua sendo importante para nós. Mas queremos fazer isso de outra forma." A nova estratégia da Audi para adequar-se ao mercado brasileiro passa pelos oito lançamentos que fará em outubro, no Salão do Automóvel: o novo A3 Sportback 3 portas, o Sportback 5 portas, a caminhonete Q7, o S6 e o S8, o A4 Cabriolet, o RS4 e o TT.

A meta de vendas é de 1,5 mil a 2 mil unidades por ano, semelhante à das concorrentes BMW e Mercedes. Com isso, segundo o diretor de vendas, a Audi mantém a liderança no segmento premium, de carros de luxo, e garante rentabilidade para as 21 concessionárias e oficinas ligadas à marca.

O fim da produção da Audi terá repercussão numa outra área da empresa. A verba de R$ 1 milhão para investimento em ações sociais, ambientais e culturais, que vinha sendo aplicada em média por ano, deve sofrer redução, embora ainda não haja estimativa sobre porcentuais, disse a assessora de imprensa Denise Cecatto, que trabalha na fábrica paranaense. Entre outras ações, a Audi atua em parceria com 14 universidades para o atendimento extra-classe de crianças carentes e investe na preservação do papagaio da cara roxa, que habita a Mata Atlântica, na região de Guaraqueçaba.

A jornalista viajou a Ingolstadt a convite do Governo do Estado da Baviera.

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