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Cassiane, de 19 anos, está à procura de emprego desde o fim do ano passado: “aceito qualquer vaga”. | Giuliano Gomes
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Cassiane, de 19 anos, está à procura de emprego desde o fim do ano passado: “aceito qualquer vaga”.| Foto: Giuliano Gomes /Gazeta do Povo

Cassiane dos Santos, de 19 anos, está em busca de emprego desde o fim do ano passado. Para aumentar suas chances, a jovem diminuiu as pretensões que tinha inicialmente, mas não foi o suficiente para acabar com a espera. “Estou atrás de qualquer vaga. Antes, não queria trabalhar no fim de semana, mas agora já estou aceitando emprego de domingo a domingo porque está muito difícil. Mesmo assim ainda não consegui”, diz.

Sul tem menor taxa do país, mas crescimento no 1.º tri foi mais forte

Apesar de registrar aumento em níveis elevados em comparação a outras faixas etárias que efetivamente participam do mercado de trabalho, o desemprego dos jovens medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apresenta diferenças regionais consideráveis.

É na Região Nordeste que os jovens estão sofrendo mais com o desemprego. A taxa de desocupação por lá, no primeiro trimestre deste ano, ficou em 20,6%. O índice vinha em níveis elevados desde o ano passado.

Já o Sul, apesar de ter a menor taxa de desocupação do país (12%) entre jovens de 18 a 24 anos, possui a segunda maior alta do desemprego dos jovens neste ano, em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior.

A variação de 31,8% do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fica atrás somente dos estados da Região Centro-Oeste, que tiveram aumento de 35%.

O caso da jovem moradora de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, não é único. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil alcançou 17,6%, patamar bastante elevado em relação à média de desocupação total de 7,9%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). É a maior taxa de desemprego dos jovens nos últimos três anos.

Apesar de todos os índices de desocupação aumentarem em inícios de ano, o dos jovens em 2015 é quase dois pontos porcentuais maior do que no primeiro trimestre do ano passado (15,7%), mostrando mais força do que nas demais faixas etárias. Exclui-se neste caso o grupo com idade entre 14 e 17 anos, que ainda está em busca de estágios ou de vagas como menor aprendiz.

Tempos de crise

Os jovens são os principais afetados em tempos de desaquecimento econômico. Basicamente porque são os primeiros a serem demitidos quando as empresas passam por dificuldades, já que têm menos experiência. Para complicar, encontram barreiras na recolocação profissional porque em momentos de crise mais profissionais experientes estão em busca de emprego.

“Reduções de quadro normalmente ocorrem com cargos de menor experiência. Se as empresas têm duas pessoas realizando a mesma função e precisam cortar uma das vagas, com certeza o escolhido será quem tem menos experiência”, afirma Adeildo Nascimento, diretor de projetos e cooperação internacional da seção estadual da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR).

Falta experiência

Jéssica Morales, de 21 anos, foi demitida do último emprego na portaria de um condomínio sem justificativa aparente e está à procura de uma nova vaga há cerca de um mês. “Estou encontrando bastante dificuldade. As vagas que tenho achado beneficiam as pessoas com mais experiência. Deveriam dar mais oportunidade para quem está começando e ainda não tem tanta experiência”, diz.

O especialista da ABRH-PR explica que a pisada no freio de novas contratações e a priorização de promoções internas nas empresas também dificultam o retorno ao mercado de trabalho dos mais jovens. “Como a maior parte das novas vagas são para cargos de nível de entrada, quem mais sofre são eles”, afirma.

Cortes no Pronatec agravam situação

O corte de vagas no Pronatec, o programa federal que custeia ensino técnico, deve ser um agravante a mais para os jovens que buscam se especializar em áreas consideradas importantes pelo setor produtivo. O anúncio foi feito no fim de maio pelo Ministério da Educação (MEC), que perderá R$ 9,4 bilhões do seu orçamento deste ano por causa do contingenciamento promovido pelo governo.

Ainda não se sabe quantas vagas serão cortadas. O ministério informou que o número “será divulgado em breve”. A Gazeta do Povo mostrou, no último dia 1º, que uma análise preliminar de oferta de vagas correspondente ao primeiro edital do Pronatec de 2015 prevê a abertura de apenas 200 vagas por município.

Ao lado do Ciência Sem Fronteiras, o Pronatec é o principal programa federal voltado aos jovens e foi uma das principais bandeiras eleitorais de Dilma Rousseff no ano passado. Na época, ela anunciou que pretendia criar mais 12 milhões de vagas.

Sisutec na berlinda

Um dos programas reduzidos dentro do Pronatec é o Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). O sistema, que seleciona para o ensino técnico estudantes que concluíram o nível médio com base nas notas do Enem, teve as inscrições adiadas mais de uma vez e não será realizado no primeiro semestre, como normalmente ocorria.

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