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Todas as unidades do Picanto foram vendidas no fim de semana na concessionária Kia Unika | Roberto Couto
Todas as unidades do Picanto foram vendidas no fim de semana na concessionária Kia Unika| Foto: Roberto Couto

Alemães criticam medida

O presidente da Federação das Indústrias da Alemanha, Hans-Peter Keitel, criticou ontem o imposto para automóveis importados. Segundo ele, medidas protecionistas em geral pioram a situação financeira dos países que as adotam. "Os países que hoje têm mais problemas na Europa são os que têm mercados mais fechados", alertou Keitel.

O presidente da federação alemã disse que a medida não é isolada e pode ser encarada por outros países como um sinal de protecionismo. "Acho que não seria um bom sinal dado pelo Brasil para o comércio no mundo inteiro", afirmou.

No entanto, Igor Plöger, diretor da comissão de Relações Bilaterais da Câmara Brasil-Alemanha, salientou que algumas empresas alemãs foram beneficiadas pela medida. "Não foi uma decisão fácil. Mas temos muito mais empresas de autopeças alemãs no Brasil do que montadoras, e elas foram beneficiadas por esse processo [o aumento da cobrança de IPI para importados]", disse.

O secretário-geral do Ministé­rio das relações Exteriores, Ruy Nunes Pinto Nogueira, defendeu a medida do governo contra as importações no setor automotivo. "Mas isso não é indicador de nenhuma grande mudança na política de livre comércio", garantiu Nogueira. "É apenas fato que o Brasil hoje é o quarto maior mercado de automóveis do mundo, e que produz mais que a Alemanha", disse. (AE)

O primeiro fim de semana depois que o governo anunciou o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados foi de bastante movimento nas concessionárias. Em Curitiba, o estoque de alguns modelos esgotou nas lojas. Na Kia Unika, o gerente de marca, Deivison Ferreira, diz que foram vendidas todas as unidades do Picanto e do Sportage. O Picanto é o modelo mais barato da montadora coreana e custa a partir de R$ 34,9 mil.

Na quinta-feira passada, o governo federal aununciou um aumento de 30 pontos porcentuais no IPI de carros que não cumpram uma série de exigências, como um mínimo de 65% de material nacional em sua fabricação. Mas os automóveis que já estavam nas lojas antes do anúncio estão isentos do aumento do IPI. O imposto é pago quando o importador emite a nota fiscal para repassar o veículo à concessionária.

Rildo Tristão da Silva, gerente executivo da Chery Hong Kong, conta que foram vendidos 19 carros da marca chinesa no sábado. Um dos modelos da marca é o QQ, que custa R$ 23.990 e é o mais barato do Brasil. Segundo o gerente, as vendas só não foram maiores porque não havia estoque suficiente.

A procura por modelos mais caros também foi grande. Fábio Almeida, gerente da Euro Import Land Rover e Volvo, diz que sobrou 15% do seu estoque depois das vendas de sexta e sábado. Da Land Rover, por exemplo, a loja não tem mais Freelander diesel e sobraram poucas unidas do modelo Discovery. Da marca Volvo, acabou o estoque do XC60.

Procura

"A procura dobrou", diz Ferreira, da Kia Unika. "Clientes anteciparam a compra, até abrindo mão de cor, por exemplo, para não correr o risco de ter de pagar mais", completa. Mas ele ressalta que ainda não existem informações sobre como vai ficar o preço final dos carros.

Almeida, da Euro Import Land Rover e Volvo, conta que o fluxo de loja aumentou 50% no fim de semana. No sábado, o horário de atendimento teve de ser estendido – a loja, que fecharia às 14 horas, ficou aberta até às 17 horas. Alguns clientes que estavam esperando uma cor ou algum tipo de acabamento específico compraram o que estava disponível para garantir o preço atual. Outros clientes, que encomendaram carros, queriam saber se haverá alguma mudança. De acordo com Almeida, a espera por um importado, em alguns casos, é de 120 dias.

No último fim de semana do mês as concessionárias de Curitiba abrem também aos domingos. Mesmo a loja da Euro Import Land Rover e Volvo, que habitualmente não segue esse acordo, também estará aberta. Almeida diz que essa decisão não foi tomada em função do aumento do IPI, mas porque a concessionária estará mostrando para os clientes o Evoque, que começa a ser vendido em dezembro. Setenta pessoas estão numa lista de espera para comprar o modelo, conta Almeida, que deveria custar em torno de R$ 180 mil – isso antes do aumento do imposto.

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