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Você sabe quanto o seu carro contribuiu para o efeito estufa? Dificilmente, pois no Brasil a informação não está disponível para os consumidores - e não há previsão para que isso mude. Contudo, a partir de outubro, com a etiquetagem veicular de eficiência energética, quem comprar um veículo poderá saber, pelo menos indiretamente, quanto contribui para o aquecimento do planeta.

Assim como eletrodomésticos vêm com o Selo Procel de Economia de Energia, os carros virão com uma etiqueta que mostrará quanto combustível é consumido pelo modelo. A relação com a emissão de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, é direta: quanto maior o consumo, maior a emissão. O programa será lançado no próximo Salão do Automóvel, que ocorre em São Paulo de 30 de outubro a 9 de novembro. Os carros leves serão os primeiros a receber o selo.

"Consumo é o que mais pesa para o comprador. Se a gente coloca quanto (o carro) emite, a etiqueta fica poluída e mais confunde do que esclarece", afirma Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. "A tendência é que, com o tempo, as pessoas procurem veículos mais eficientes."

Eficiência é a palavra-chave na hora de estabelecer a responsabilidade ambiental do veículo e do seu proprietário. Geralmente, carros mais pesados consomem mais combustível e, portanto, emitem mais CO2. Cerca de 95% do combustível é queimado apenas para movimentar o veículo. Os outros 5% são consumidos pelo peso extra dos passageiros e pelos utensílios de conforto, como o ar-condicionado e o som.

"Da energia útil, 60% é gasta no atrito", explica Daniel Schmidt, gerente do setor de Operações, Programas e Regulamentações da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). "Gasta-se muito para transformar a energia gerada pela combustão em energia mecânica suficiente para movimentar 1.000 quilos." Um carro da categoria hatch pesa cerca de 900 kg; uma perua, cerca de 1.000 kg; um sedã, cerca de 1.200 kg; e um utilitário, cerca de 1.500 kg.

Sem lei

Assim como o Selo Procel, a etiquetagem veicular será voluntária Dependerá da montadora abraçar a causa. "Não há obrigatoriedade porque o CO2 não é um gás poluente, uma vez que não provoca um dano direto à saúde, como o monóxido de carbono", explica Suzana

Daí vem a dificuldade enfrentada pelo consumidor interessado na informação. As emissões de gases-estufa, tais como o CO2, não são reguladas pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que analisa gases como o monóxido de carbono (CO) e o óxido nitroso (NOx), além do material particulado - subprodutos da queima do petróleo pelo motor, perigosos para a saúde, que têm de obedecer a limites máximos de emissão.

O problema é que o dióxido de carbono, apesar de não ser tóxico, concentra-se na atmosfera, causando um agravamento do efeito estufa, que tem levado ao aquecimento do planeta. Os danos são sentidos somente no longo prazo.

Os níveis de emissão variam de acordo com o combustível e o tipo de motor. Um carro a gasolina emite, em média, 11,3 gramas de CO2 por quilômetro rodado, comparado a 7,9 g/km de um veículo movido a álcool. Os números são um pouco menores para motores do tipo flex: 11,1 g/km quando abastecidos com gasolina e 7,4 g/km, quando abastecidos com álcool.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) preferiu não comentar o tema pela ausência de legislação específica sobre o assunto.

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