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Copom ignorou cenário, avaliam consultorias

Consultorias independentes apontam uma série de bons indicadores da economia brasileira e de "poréns" para criticar a decisão do Copom, que contrariou a maioria das previsões. "Temos um cenário muito diferente de 2008, quando havia a eminência de quebra de bancos e o travamento do crédito no mundo. Em pouco mais de um mês em que os fatos vêm se desenrolando, não há qualquer indicação de que isso [efeitos da crise de 2008] possa se repetir ou mesmo de qualquer perspectiva de contágio da economia brasileira", analisa o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

A Rosenberg Consultores Associados alfineta ainda mais: "Deve-se notar que a preocupação com a inflação em 2011 é a menor neste momento; o que vai ocorrer de 2012 em diante é o que se coloca. Será que este Banco Central, em caso de avanço de inflação concomitante à atividade crescendo pouco, fará o que for preciso para cumprir seu mandato único [a busca pela estabilidade dos preços]?", questionou a equipe da consultoria, em nota. (FZM)

Instituição está no rumo certo, diz Ipardes

O diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, critica a reação do mercado, que ele chama de conservador, e avalia que o BC ruma na direção certa ao não se prender a ritos e modelos de metas de inflação e agir diante de uma necessidade real da economia. "Mais que isso, ao começar um ciclo de enfraquecimento dos juros, a autoridade monetária busca não repetir os enganos cometidos no fim de 2008."

Para Lourenço, o corte podia ter sido até maior. "Especial­mente se for levado em conta que, para cada ponto porcentual de queda na Selic, o governo reduz em quase R$ 15 bilhões por ano o custo de rolagem da sua dívida, abrindo espaços fiscais para a realização de investimentos em infraestrutura. Essa seria a verdadeira redução dos gastos públicos, só que pela vertente financeira. De quebra, a diminuição mais encorpada nos juros favoreceria a diminuição do custo do investimento no Brasil e a desvalorização sadia do câmbio." (FZM)

Boa parte dos analistas econômicos independentes viu a redução da Selic como uma antecipação injustificada do BC diante dos indicadores econômicos atuais e mais um desafio para o cumprimento da meta da inflação (4,5%) – o IPCA acumulado em 12 meses já está em 6,87%. Mas não é essa a visão de representantes do comércio, indústria e trabalhadores.

O Departamento Intersin­dical de Estatística e Estudos Socio­econômicos (Dieese-PR), a Associação Comercial do Paraná (ACP) e a Federação das Indús­trias do Paraná (Fiep) avaliaram a medida como positiva. Na visão dessas instituições, foi uma aposta no consumo para reverter a desaceleração na geração do emprego formal e um sinal de que o governo federal, em especial a presidente Dilma Rousseff, finalmente "reconhece" a necessidade de controlar os gastos e substituir a âncora cambial pela fiscal no controle da inflação.

"Nesse novo caminho de política fiscal, vejo a possibilidade de a indústria recuperar a rentabilidade dos produtos exportáveis. Não acredito que a medida represente falta de autonomia do BC. Conheço o Tombini [Alexandre Tombini, presidente da instituição] e sua equipe e estou seguro de sua responsabilidade profissional", afirma o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures.

"Para o consumidor, que vai poder tomar crédito mais barato daqui um tempo, aquecendo o comércio, a medida é vantajosa. Assim como para o país, com a economia do pagamento de juros da dívida externa", avalia o assessor econômico da ACP, Roberto Zurk. "Quando o mercado confia no Banco Central sabe-se, mais ou menos, o que a entidade fará. Essa decisão inesperada deixou o mercado um pouco nervoso. Acredito que eles tenham mais informações que nós [consultores]. Agora é pagar para ver as próximas ações" pondera.

O economista Sandro Silva, do escritório regional do Dieese-PR, avalia que os riscos de aumento da inflação, e consequentemente dos custos de vida do cidadão, são pequenos. "Na minha opinião, os aumentos de juros para o controle da inflação eram ineficazes, porque grande parte dessa pressão está sendo causada não pela demanda, mas pela alta das commodities, com o aumento de alguns alimentos e também de tarifas que perderam subsídios, como a da energia elétrica aqui no Paraná. Acredito que essa crise mundial vá sim baixar o preço das commodities, aliviando a pressão inflacionária de boa parte dos países, inclusive do Brasil."

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