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O BC (Banco Central) subiu nesta quarta o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,25 ponto percentual, para 7,50% ao ano. O aumento ocorreu depois de três reuniões seguidas do Copom (Comitê de Política Monetária) em que a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, o menor nível da história. O último corte, de 7,5% para 7,25% ocorreu em outubro de 2012. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais, em dez reduções consecutivas.

A decisão desta quarta-feira foi tomada por seis votos e dois contrários, pela manutenção da taxa.

A principal aposta de economistas era aumento da Selic em função das pressões inflacionárias, embora o fraco desempenho da economia desse argumento aos que defendiam a manutenção da taxa.

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, destacou que o debate público sobre crescimento e inflação tem sido intenso e pode ter criado um forte incentivo político para o governo reagir à instabilidade econômica, adotando um discurso mais amigável aos mercados.

Na avaliação do especialista, como não houve mudanças bruscas no cenário econômico, ainda prevalece a cautela. "Faz sentido que o ciclo de correção dos juros seja mais longo e mais suave. Optamos por manter o cenário em que a Selic alcance o patamar de 8,50% ao final do ano", afirmou.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, avaliava como provável a alta do juro básico, mas classificou a decisão como "asburda".

"Serve apenas para acomodar as expectativas inflacionárias dos economistas", afirmou. "Seria muito mais eficiente se o BC deixasse a Selic estável e agisse de maneira não convencional. Ou, como se diz no novo jargão, através de medidas macroprudenciais." Na avaliação do economista, se o BC diminuísse o prazo máximo de algumas linhas de crédito iria de fato restringir a demanda e a atividade.

Também para Clodoir Vieira, economista-chefe da Souza Barros Corretora, o aumento de juros só serve para acalmar investidores. "Subir a Selic nesse ritmo agora não traz impacto relevante na inflação, mas pode ter um impacto psicológico positivo no mercado."

A equipe do Banco WestLB destacou, em relatório, que o Banco Central se frustrou com os dados mais recentes de inflação, que indicaram pouca eficácia até o momento das medidas de desoneração tributária no combate à inflação, levando-o a acelerar o processo de ajuste das condições monetárias.

Já em relação ao ritmo de alta de juros a ser implementado, os especialistas do banco ressaltam que a cautela irá preponderar, uma vez que a recuperação econômica do país ainda se mostra incipiente e dependente de estímulos governamentais e o cenário externo se mantém envolto por elevado grau de incerteza.

Elad Revi, analista da Spinelli Corretora, disse acreditar em um ciclo de aperto monetário de 1,25 ponto percentual até o fim do ano, o que levaria a Selic para 8,50% ao ano.

"É preciso fazer o aumento de juros de forma gradual. Não adianta subir demais, sob risco de os consumidores perderem poder de compra, o que prejudicaria muito a economia que já está fragilizada."

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