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O presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Martins Oliva, afirmou nesta sexta-feira (10) que as instituições de maior porte já começaram a negociar a compra de carteiras de crédito com o benefício do desconto de 40% sobre o compulsório de depósitos a prazo e que as análises envolvem os ativos ligados a consignado, veículos e "middle market" (empréstimos a pequenas e médias empresas). No entanto, ele acredita que esse processo deverá durar mais alguns dias até que sejam finalizados. Segundo ele, entre as instituições interessadas estão Santander, Bradesco, Itaú, Unibanco e HSBC. Oliva não revelou quais carteiras interessariam a estes bancos.

Dos bancos privados, Itaú e Unibanco já haviam declarado que iriam estudar a compra desses ativos, além dos estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. "O compulsório para a compra de carteiras vai dar mais rentabilidade sem afetar a liquidez dessas instituições", afirmou Oliva.

Oliva, que é executivo do banco Cacique, explicou ainda que a análise das carteiras de "middle market" deve ser mais demoradas, já que exige uma avaliação mais técnica que leva em conta as condições econômico-financeiras das empresas.

Sobre as medidas do BC que afetam diretamente o fluxo de recursos para os pequenos e médios bancos, Oliva acredita que elas garantem tranqüilidade ao sistema, mas o ideal é que a linha de redesconto oferecida pela autoridade monetária seja encarada como mais uma alternativa, e não como saída para instituições em situação de insolvência. "Não pode ter aspecto punitivo. Do jeito que está dá a entender que é para resolver insolvência e não liquidez", disse.

Ele espera que com as normas complementares que devem ser anunciadas pelo Banco Central (BC), o redesconto ganhe esse caráter de alternativa possível, e não de único canal. Oliva acrescentou ainda que as condições impostas - garantia que varia de 120% a 170% do valor de empréstimo e custo de Selic mais um adicional - está dentro do praticado entre os bancos nas negociações de cessões de carteiras de crédito. "Isso não é problema. Os ratings que essas carteiras têm são consistentes", afirmou.

Oliva lembrou que os bancos de menor porte não ficaram sem recursos para operar. O que houve foi um menor volume de operações no mercado interbancário, já que as instituições maiores optaram por aumentar a própria liquidez em um cenário incerto. "Há um trabalho por busca de liquidez e por isso o crédito está sendo reduzido. As operações no interbancário são também operações de crédito. Todos estão recuando em suas concessões", explicou.

Dólar

A recente escalada do dólar passou a ser uma das maiores preocupações das instituições financeiras, ao menos para os de pequeno e médio porte. Para Oliva, a cotação moeda norte-americana está artificialmente elevada e isso eleva o risco de inadimplência por parte das empresas. "Isso pode sim causar inadimplência. E esse é um motivo para o Banco Central monitorar", afirmou.

O temor de inadimplência ocorre, segundo ele, porque algumas empresas possuem dívidas atreladas ao dólar e precisam agora refazer as contas. Oliva acredita que é natural que ocorra uma valorização do dólar no Brasil, uma vez que a desaceleração econômica mundial irá reduzir a demanda por exportações. No entanto, avalia que cotação está exagerada. "Quando uma empresa realizada prejuízos porque o dólar subiu para um patamar não razoável, esse prejuízo é repassado aos preços", disse.

Para ele, o possível repasse de preço foi um dos motivos que levou o BC a agir diretamente no mercado de câmbio e também no uso das reservas internacionais no empréstimo às instituições financeiras.

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