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A concessão de crédito para pessoas de baixa renda pelos bancos federais esbarra na alta inadimplência para se tornar um modelo de sucesso. Reduzir o calote nos empréstimos de valores pequenos é o grande desafio para que a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil, que gerencia o Banco Popular do Brasil, consolidem linhas montadas para atender pessoas de baixa renda.

No Banco Popular do Brasil, a inadimplência é de 24% e a instituição fechou o ano no vermelho. Uma reforma recente fez com que a estrutura montada para administrar o banco fosse enxugada. A redução de custos pode ser acompanhada pela absorção da instituição pelo Banco do Brasil e alterações nas linhas oferecidas. A taxa de juros de 2% cobrada pelo Banco Popular não traz retorno em um mercado com alta inadimplência. A redução do calote poderia ocorrer com a oferta maior de produtos para os clientes que pagam em dia.

Na Caixa, o índice de inadimplência gira em torno de 10%, número um pouco abaixo da média de mercado nos empréstimos para pessoas físicas, que é de 13%. O problema é que este porcentual fica bem acima do teto de 4% obtido por bancos privados ou entidades que repassam recursos a baixo custo para empreendedores e faz com que o programa de microcrédito tenha menos chances de se sustentar no longo prazo. A CEF precisou criar um programa de educação financeira para os clientes entenderem melhor como lidar com a conta bancária e o crédito pré-aprovado de R$ 200. Depois disso, o calote começou a cair.

O modelo de microcrédito adotado pelos bancos federais alia a abertura de contas correntes com empréstimos de baixo valor. Ele serve tanto para o consumo quanto para o financiamento de empreendedores. A análise de cadastro é mínima e, como não está focado na produção, não auxilia na montagem de projetos. "O que os bancos federais fazem é mais um programa de bancarização do que microcrédito", afirma José Caetano Lavorato, presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Popular (ABCred).

O objetivo de levar mais pessoas ao sistema bancário está sendo alcançado pelos bancos federais. O Banco Popular tem 1,6 milhão de correntistas e a Caixa já tem 3,5 milhões de clientes da modalidade mais simples de conta. Pouco perto de uma estimativa do governo federal que indica haver mais 50 milhões de brasileiros "sem-banco". Entre os serviços bancários fornecidos aos novos clientes estão linhas de crédito que chegam a R$ 600, com juros de 2% ao mês e nenhuma burocracia para liberação do dinheiro.

Ao organizar este sistema de empréstimos, o governo levou ao extremo o conceito de microcrédito. O modelo bem-sucedido em países como Bangladesh e colocado em prática no Brasil por organizações não-governamentais e alguns bancos privados é menos arrojado. Ele é sustentável porque tem mecanismos que evitam o calote ao restringir o público beneficiado. Os empréstimos não são concedidos para qualquer cliente. Apenas empreendedores que demonstram experiência no ramo de atuação e que precisam incrementar os negócios recebem os recursos. Cada caso é avaliado de forma isolada. "O segredo da baixa inadimplência está na equipe de agentes que visitam os clientes e trazem a decisão de dar ou não o crédito", explica Maurício Moura, gerente de planejamento do Unibanco – onde a taxa de calote está em 1,5%.

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