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O Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (16), manter a taxa Selic em 11% ao ano. Foi a segunda manutenção seguida do juro básico, após uma sequência de nove altas, iniciadas em abril do ano passado.

A pausa no ciclo de aperto monetário já era esperada por economistas, que enxergam estabilidade no juro básico até o fim de 2014, pelo menos. Levantamento feito pela "Bloomberg" mostrou que a manutenção da Selic era unanimidade entre os 57 entrevistados.

A avaliação se baseia no enfraquecimento da economia e no alívio recente na inflação, apesar de os preços ainda permanecerem pressionados em 12 meses. O IPCA, índice oficial da inflação no país, ficou em 0,40% em junho, ante 0,46% no mês anterior. Em 12 meses, porém, chegou a 6,52%, estourando o teto da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos para cima ou para baixo.

De acordo com a versão mais recente do relatório Focus, do Banco Central, as instituições financeiras consultadas pela autoridade esperam que o índice oficial de preços no país tenha alta de 6,48% em 2014.

A Selic é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro/barato, conforme os juros sobem ou descem.

Perspectivas

Analistas ouvidos pela reportagem descartam novas elevações - ou cortes - na Selic até o final deste ano. Para Marcos Coelho e Charles Magno, do Banco Mizuho, o período de pausa deve ser pautado nos sinais inequívocos de enfraquecimento da atividade econômica doméstica e na deterioração da perspectiva de crescimento do país.

"O efeito dos juros está sendo limitado por uma inflação de custos, como salário mínimo e tarifas, e pela política fiscal. Se a política monetária fosse mais frouxa, a inflação seria mais de 8%", afirmam em relatório.

"Os dados correntes sugerem uma atividade econômica fraca ou até mesmo em contração e não podemos dizer que as perspectivas são de recuperação. A confiança da indústria recuou em junho pelo sexto mês consecutivo e se encontra atualmente no seu menor nível em cinco anos", dizem em seu relatório.

"Até mesmo o setor de serviços, motor propulsor da economia brasileira nos últimos anos, tem apresentado um pessimismo crescente, indicando que faltam pilares para um crescimento sustentável da economia brasileira", completam.

Para Eduardo Velho, economista-chefe INVX Global Partners, afirma que somente uma surpresa positiva em relação à inflação e uma recessão poderiam levar a um corte de juros este ano. No final de agosto, será divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo semestre, que poderá apresentar queda em relação ao primeiro. Para haver recessão, seria necessária ainda outra queda no terceiro trimestre. Na visão do economista, o fato de a inflação estar resistente não significa que a política de juros deixou de funcionar.

Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), argumenta que a autoridade monetária nacional não tem base para retomar o aperto monetário. "O BC não tem uma ajuda da parte fiscal, a atividade econômica está se deteriorando. Seria inócuo aumentar os juros sem ajuda fiscal, o que poderia agravar o quadro de crescimento baixo", diz.

A possibilidade de corte na Selic também foi afastada pelos especialistas até o fim do ano. José Carlos Faria, economista-chefe do Deutsche Bank, afirma que um corte prejudicaria a credibilidade do sistema de metas do Banco Central e contribuiria para aumentar ainda mais as expectativas para a inflação.

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