O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, o banco central do país), Mervyn King, destacou um novo obstáculo para as perspectivas econômicas do Reino Unido: o risco de uma recuperação mais fraca do que a esperada em seu principal parceiro comercial, a zona do euro (grupo dos 16 países que adotam o euro como moeda). Como a disponibilidade de crédito no Reino Unido permanece fraca e acredita-se que tanto o setor público como o privado britânicos implementarão reduções nos gastos, o BoE esperava que a demanda externa tivesse um papel importante na recuperação do país, impulsionada pela desvalorização da libra.
No entanto, a fraqueza na zona do euro aumentou as chances de que o Banco da Inglaterra (BoE) tenha de reiniciar sua política de afrouxamento quantitativo, segundo Mervyn King, presidente da instituição. A medida havia sido suspensa no início deste mês, depois que 200 bilhões de libras (US$ 308 bilhões) em ativos foram comprados com dinheiro novo do banco central britânico. "Alguns países, especialmente aqueles cujos sistemas bancários saíram relativamente ilesos da crise, tiveram forte crescimento no quarto trimestre", disse King. "Mas a recuperação no nosso maior mercado de exportação, a zona do euro, parece ter paralisado", acrescentou.
King observou que até agora não houve muito aumento no comércio líquido, apesar da depreciação da libra, mas acrescentou que acredita que isso vai acontecer no momento certo. Os comentários de King foram feitos depois que indicadores mostraram que os gastos com consumo na França caíram 2,7% em janeiro ante dezembro, mais do que o esperado.
Dívida
King afirmou também que as condições do Reino Unido são muito diferentes daquelas da Grécia. A dívida pública britânica tem prazo de vencimento muito mais longo que o de outras economias - quase o dobro da de qualquer outro país -, observou King. Segundo o presidente do BoE, o reparo das finanças dos setores público e privado do Reino Unido vai gerar uma considerável redução dos gastos na economia britânica. King reconheceu que vai ser difícil cortar os gastos do governo rapidamente, mas reiterou que há necessidade de um plano claro para isso.
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