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Impactos

Veja quais são os efeitos da medida anunciada ontem pelo BC:

- Em dezembro, o BC limitou o consignado tradicional com prazo acima de três anos. Agora, ele estende essa medida ao cartão de crédito consignado

- Os bancos terão de fazer uma reserva maior de capital para cobrir o risco desses empréstimos. Na prática, terão menos recursos para emprestar

- O objetivo do BC é desestimular operações com prazos longos e reduzir o risco de inadimplência

COMO FUNCIONA O CARTÃO CONSIGNADO

- No caso do INSS, os beneficiários podem comprometer até 30% da renda líquida com o crédito consignado. É possível dividir esse limite em 20% para empréstimos diretos e 10% para uso como limite de compra em cartão de crédito

- No consignado tradicional, o beneficiário recebe a quantia em espécie. No cartão, passa a ter um limite mensal de gastos

Análise

Medida não deve afetar a Selic

A medida do BC não deve interferir na trajetória de elevação da taxa básica de juros (Selic) até o fim deste ano, afirmam economistas. "A decisão do BC deve aumentar o custo do dinheiro para este segmento de operações, mas não deve afetar a estratégia do Copom para a elevação de juros para este ano", comentou Tony Volpon, chefe de pesquisas para mercados emergentes da Nomura Securities, em Nova York. De acordo com a pesquisa Focus divulgada ontem, o mercado espera que a Selic suba 0,25 ponto porcentual na reunião do Copom que começa hoje e termina amanhã, e mais 0,25 ponto até o fim do ano, chegando a 12,75% ao ano.

Para analistas, ainda há espaço para ações mais fortes por parte do BC, como aumentar a exigência de compulsório. Isso ocorreria, no entanto, a partir do terceiro trimestre e estaria atrelado ao comportamento da inflação e da atividade até setembro.

O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, lembra que o BC tem batido na tecla das medidas "macroprudenciais" constantemente. "Isso me leva a crer que essas medidas ainda podem ser adotadas mais adiante, em detrimento da continuidade da alta da Selic", frisa. Alguns números indicam haver espaço para isso. Segundo dados do Banco Central, o estoque de compulsório – dinheiro que os bancos devem recolher ao BC – em maio estava em 22,42% do estoque total de crédito do sistema financeiro, nível muito próximo do verificado em setembro de 2008, mês em que a crise financeira global eclodiu.

"O que podemos ver é que o compulsório apenas voltou aos níveis antigos. Ou seja, o BC apenas tirou o que havia liberado durante a crise", analisa Perfeito. "Tendo isso em vista, haveria, em princípio, margem para adotar mais medidas via compulsório", concorda o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. Ambos acreditam, no entanto, que qualquer atitude mais drástica deve ficar para depois de setembro. (AE)

Brasília - Os bancos terão mais dificuldades de oferecer financiamentos de longo prazo para os donos de cartões de crédito consignado, cuja a fatura é descontada do holerite. O Banco Central anunciou ontem uma medida que inibe as operações com prazo acima de 36 meses. Ao mesmo tempo, eliminou a exigência de pagamento mínimo de 15% da fatura desse tipo de cartão, norma que vinha travando os negócios com prazos mais curtos.

A primeira regra, que busca restringir operações de prazo mais longo, segue o caminho das medidas adotadas no dia 3 de dezembro de 2010, quando o BC fixou mecanismos para frear a concessão de crédito. Assim, para realizar operações acima de três anos com cartão de crédito consignado, os bancos precisarão reservar mais capital, o que significa deixar mais dinheiro parado para fazer frente a eventuais perdas – é o que havia sido estabelecido no ano passado para os demais empréstimos com desconto em folha e para os financiamentos de veículos.

Pouco impacto

Para alguns analistas, as iniciativas adotadas ontem não terão impacto macroeconômico, porque esse mercado é ínfimo em relação ao estoque total de financiamentos no país e pequeno mesmo olhando apenas o mercado de crédito consignado – só 1,4% dos empréstimos consignados do INSS são feitos via cartão. Na visão desses analistas, a ideia do BC foi retirar as operações de cartão de crédito consignado de uma espécie de "limbo normativo" e dar maior coerência às regras.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva, o juro médio nas operações de cartão de crédito consignado varia de 3,36% ao mês (para aposentados do INSS) a 4,5%. O executivo diz que mais de 80% das operações são de até seis meses e a maioria é liquidada em um mês, sem incidência de juros – ou seja, a restrição de prazo deve ter impacto muito pequeno nesse mercado. Oliva destaca que o cartão de crédito consignado tem sido usado para substituir operações mais caras de financiamento e estima que a modalidade deve crescer cerca de 30% este ano, atingindo a marca de R$ 1,6 bilhão – atualmente, o saldo total é de R$ 1,2 bilhão.

Contra a inflação

No entanto, há quem acredite que a verdadeira intenção da autoridade monetária é conter a inflação. "O BC vai penalizar o banco que continuar emprestando e o tomador pode ter que pagar uma taxa maior", diz Miguel de Oliveira, da Associação Nacional dos Execu­tivos em Finanças (Anefac).

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