
R$ 4,63 a menos
Simulação da Anefac dá uma ideia dos efeitos da redução de ontem da Selic. Considerando-se que a taxa média cobrada no comércio deve cair de 5,44% para 5,40% ao mês, uma geladeira de R$ 1,5 mil (à vista) financiada em 12 meses terá seu custo total reduzido em apenas R$ 4,63. O total pago com base no juro anterior seria de R$ 2.081,56. Com a nova taxa, esse valor deve ser de R$ 2.076,93.
Juro real do país ainda é o maior do mundo
Agência Estado
Apesar da redução da Selic, o Brasil ainda lidera e com certa folga o ranking de melhor pagador de juros reais do mundo, entre as taxas praticadas em 40 países, segundo cálculos feitos pela Cruzeiro do Sul Corretora em parceria com a Weisul Agrícola. O juro real considera a taxa básica de juros da economia, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Pelo levantamento feito pelos analistas Jason Vieira e Thiago Davino, seria necessário que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzisse a taxa Selic em mais 3 pontos porcentuais além do 0,5 ponto de ontem para que o país abandonasse o topo da lista.
Considerando-se uma Selic de 11% ao ano, o Brasil encabeça o ranking de juros reais, com uma taxa real de 5,1%. Na segunda colocação, e bem atrás da posição brasileira, aparece a Hungria, com 2,5%. Na terça-feira, o banco central húngaro elevou sua taxa básica pela primeira vez desde janeiro, de 6% para 6,5%.
Empatados em terceiro lugar estão Indonésia e Chile, com 1,5% de juro real cada. O México é o quinto, com 1,3%. A China é o primeiro país entre os Brics a aparecer na lista, com taxa de juro real de 1%. O gigante asiático aparece empatado com outro emergente, a Rússia. O primeiro país desenvolvido a aparecer na lista é o Japão, na 11.ª posição, com juro real de 0,3%.
"Mesmo com uma elevação em algumas projeções de inflação, inclusive a do Brasil, o país ocupa em todos os cenários o topo do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo", afirma Vieira.
O Banco Central voltou a cortar o juro básico da economia e praticamente anulou todo o aumento da taxa realizado no início do ano. Na terceira queda seguida, a Selic foi reduzida ontem em 0,5 ponto, para 11% ao ano, exatamente como esperava a maioria dos economistas. Com o objetivo de reduzir o impacto da crise global sobre o Brasil e acelerar a economia, os juros caíram 1,5 ponto desde agosto. No início do ano, antes das altas do primeiro semestre, a taxa básica estava em 10,75%.
Unânime, a decisão do BC tenta "mitigar tempestivamente" os efeitos vindos de um ambiente global "mais restritivo", cita o comunicado divulgado após a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom). O texto diz que "um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012". A próxima reunião do Copom será em 17 de janeiro.
Diante de novos sinais de que a economia brasileira avança cada vez mais devagar, o juro seguiu em trajetória de queda para diminuir o custo dos financiamentos e, assim, incentivar a demanda interna. Para atingir esse objetivo, os cortes devem continuar nos próximos meses. Mais do que isso: economistas dizem que o quadro externo pode fazer até com que BC aumente a dose do remédio.
A redução dos juros acontece a despeito de a inflação seguir fora da meta. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 6,97%, acima do teto de 6,5%. Apesar disso, o BC entende que os preços têm subido menos nas últimas semanas especialmente porque a economia brasileira gira mais devagar.
Com menor dinamismo no Brasil, o BC crê que o ano vai terminar com inflação dentro da meta e os preços desacelerarão ainda mais em 2012. A análise ganhou força recentemente com a deterioração do quadro externo. Essa leitura, porém, ainda encontra resistência no mercado financeiro, que prevê inflação mais forte que a esperada pelo BC.
Outras medidas
Além de reduzir os juros, o Banco Central também já retirou algumas restrições ao crédito, inclusive nas operações com veículos e desconto em folha de pagamento. Também se espera redução de impostos sobre financiamentos ao consumo, entre outras medidas que podem ser anunciadas ainda neste ano.

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