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Com saldo comercial mais tímido e remessas de lucros e dividendos bem mais robustas, o Banco Central projeta que o país terá em 2013 o maior rombo proporcional ao PIB nas contas externas em mais de uma década, mas ainda financiado --mesmo que sem folga-- pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED). Nas contas do BC, o déficit em transações correntes -- por onde passam as operações do país com o exterior, como comércio e investimentos -- será de 65 bilhões de dólares no próximo ano, ou 2,74% do Produto Interno Bruto (PIB). Se confirmado, será o pior resultado desde 2001, quando ficou em 4,19% do PIB. "A ampliação do déficit em transações correntes é o que ocorre em ciclos de expansão da economia: aumentam gastos com viagens, diminui o saldo da balança comercial", comentou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Os itens que mais influenciaram a projeção foram a previsão de superávit comercial de apenas 17 bilhões de dólares em 2013, abaixo dos 19 bilhões de dólares esperados para 2012, quando o déficit total da conta corrente do país deve ficar em 52,5 bilhões de dólares, ainda segundo o BC.

Já as remessas de lucros e dividendos chegarão a 30 bilhões de dólares em 2013, um salto de quase 27 por cento sobre o resultado esperado para este ano, de 23,7 bilhões de dólares. Os gastos líquidos de brasileiros em viagens internacionais também pesarão mais sobre a conta no próximo ano, com 16,3 bilhões de dólares, acima dos 15,5 bilhões de dólares esperados para 2012.

Para Maciel, a estimativa de déficit para 2013 reflete a perspectiva de maior crescimento econômico no próximo ano, uma vez que aumentam as importações e melhoram os ganhos das empresas. "Quando se tem economia com desempenho melhor, as empresas auferem mais lucros e remetem".

O mercado acredita que o PIB crescerá 3,4 por cento em 2013, segundo pesquisa Focus do próprio BC, melhor do que o 1 por cento esperado para este ano.

IED compensa

O BC também prevê que o IED somará 65 bilhões de dólares em 2013, exatamente o necessário para financiar o rombo na conta corrente, mas mostrando pouca melhora sobre o resultado esperado para este ano, de 63 bilhões de dólares. "As decisões de investimento não têm correlação tão próxima com conjuntura porque são elas têm horizonte de tempo mais longo", argumentou ele.

Maciel disse ainda que o desempenho do IED tem "surpreendido" ao longo deste ano, superando até mesmo as estimativas.

Novembro

O déficit em transações correntes no país fechou novembro em 6,265 bilhões de dólares, o pior resultado desde janeiro passado (com saldo negativo de 7,046 bilhões de dólares), afetado pelo mau desempenho da balança comercial e remessas de lucros e dividendos.

O resultado acabou superando até mesmo o IED neste período, que somou 4,587 bilhões de dólares, informou o BC. Foi a primeira vez que o rombo na contra corrente não foi coberto pelos investimentos produtivos desde abril passado.

Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo nas transações correntes de 6 bilhões de dólares no mês passado, e IED de 3 bilhões de dólares. Até o dia 14 deste mês, o IED já estava em 2,0 bilhões de dólares, de acordo com os dados da autoridade monetária.

O mau desempenho da balança comercial tem pesado na conta corrente do país. Em novembro, o déficit comercial ficou em 187 milhão de dólares, segundo informou o BC, depois de ter registrado superávit de 577 milhões de dólares um ano antes.

Outros itens que contribuíram para o saldo negativo foram as remessas de lucros e dividendos que, em novembro, somaram 2,023 bilhões de dólares. Os gastos líquidos com viagens internacionais, no mês passado, somaram 1,287 bilhão de dólares, um pouco menor do que a cifra vista em outubro (1,536 bilhão de dólares.

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